SPTrans reduz 9% da frota de ônibus alegando que houve queda na demanda de passageiros

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Segundo a empresa, com o isolamento social, o atendimento no transporte foi reduzido para cerca de 1,3 milhão de pessoas. O Sindicato dos Motoristas já fez protesto e ainda pede que 100% da frota esteja nas ruas para evitar aglomeração já que o comércio foi reaberto e o ônibus é um dos principais locais de contágio pela Covid-19


A partir desta quinta-feira (25), apenas 84% da frota de ônibus passa a circular na cidade de São Paulo após decisão da SPTrans de diminuir em 9% a quantidade de veículos disponíveis para a população com a justificativa de que houve redução de passageiros utilizando o transporte coletivo na cidade.

Segundo a empresa, antes da pandemia, cerca de 3,3 milhões de pessoas usavam ônibus para se locomover mas, com o isolamento social, o atendimento foi reduzido para cerca de 1,3 milhão de pessoas. O atendimento nos bairros mais afastados do Centro será priorizado, segundo a SPTrans, com manutenção de todas as linhas.

Com a diminuição da frota, apenas 10.791 ônibus continuam circulando na cidade. Porém, desde o dia 10 de junho, o Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo (Sindmotoristas) pede que 100% da frota esteja nas ruas. Essa reinvindicação acontece por causa da reabertura gradual do comércio, o que tem feito mais pessoas saírem de casa, e para evitar aglomerações, o que pode colocar em risco a saúde dos motoristas.

De acordo com um estudo do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coope), da Universidade Federal do Rio de Janeiro, motoristas e cobradores de ônibus estão no grupo de profissionais com o maior risco de contaminação da Covid-19. Até o dia 13 de junho, 40 motoristas morreram por Covid-19 na cidade de São Paulo.

“Primeiro que a gente garante o emprego da categoria. Segundo, a gente garante uma mobilidade melhor para a população. Terceiro, a gente garante um ambiente de trabalho mais confortável para os nossos trabalhadores diante desse caso de doença pública que o nosso país e o mundo estão vivendo”, explicou Valmir Santana da Paz, presidente do Sindmotoristas, durante protesto no Terminal Santo Amaro no dia 10 de junho.

No mesmo dia, a Prefeitura se comprometeu a aumentar a frota de ônibus para 92%, adicionando 1.705 ônibus nas ruas. No entanto, de acordo com a SPTrans, a redução de 9% na frota de ônibus a partir de hoje (25) vai ocorrer “levando-se em conta os índices de lotação de veículos; a estabilidade da demanda de passageiros, que não acompanhou o crescimento da frota; e a sustentabilidade do sistema municipal de transportes. Para se ter um exemplo, enquanto a frota de ônibus teve um acréscimo de 40% no mês de junho, com a inclusão de 3.385 veículos, chegando a 92% do cenário pré-quarentena, a demanda de passageiros se manteve sempre próxima a 40%”.

PASSAGEIROS SENTADOS

No dia 5 de junho, a Prefeitura determinou que os ônibus só poderiam levar passageiros sentados, respeitando o nível máximo de assentos de cada veículo. Cerca de dois mil ônibus seriam colocados à disposição do sistema e outros 600 ônibus seriam posicionados em bolsões anexos aos terminais, caso houvesse a necessidade de adequar a frota durante o dia.

No entanto, a medida não foi cumprida e, em toda a cidade, foi possível ver ônibus transportando passageiros em pé. Na Av. Dona Belmira Marin (Grajaú), as linhas 6115-10 (Cantinho do Céu/Terminal Grajaú) e 5362-10 (Praça da Sé/Residencial Cocaia) registraram muita aglomeração de pessoas já no primeiro dia útil da medida.

O prefeito Bruno Covas ameaçou demitir o secretário municipal de Mobilidade e Transportes, Edson Caram, por causa da aglomeração. Dias depois, o próprio secretário pediu demissão.

Agora, à frente da Secretaria foi nomeada Elisabete França, ex-diretora de Planejamento e Projetos da CET. A recomendação de apenas levar passageiros sentados foi anulada e, segundo a Prefeitura, os motoristas devem evitar a superlotação.


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