Motoristas de ônibus protestam no Terminal Santo Amaro pedindo 100% da frota em circulação

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O protesto aconteceu porque a Prefeitura iniciou a reabertura de setores comerciais, o que vai impactar na quantidade de pessoas utilizando os ônibus, ou seja: aglomeração e possível aumento do contágio pela Covid-19


A reabertura do comércio impõe, para lojistas e comerciantes, inúmeras regras sanitárias que devem ser seguidas para evitar aglomeração de pessoas e o aumento do contágio pelo novo coronavírus. No entanto, o meio de transporte que as pessoas vão utilizar para chegar aos seus locais de trabalho, como o ônibus, pode ser um dos locais de mais fácil transmissão do vírus, se houver aglomerações.

Os dois novos setores autorizados a funcionar a partir de hoje (10), comércio de rua e imobiliárias, são os que mais empregam na capital paulista. Isso significa que o transporte público vai ficar mais pressionado: a lotação já havia aumentado desde que concessionárias de veículos e escritórios foram liberados para atender o público.

A Prefeitura já prometeu aumentar a frota de ônibus para 92% a partir desta quarta-feira (10), adicionando 1.705 ônibus à frota. Mas isso não é suficiente para a população: na noite de ontem (9), houve protesto no Terminal Santo Amaro, organizado pelo Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo (Sindmotoristas).

Utilizando faixas que informavam: “na pandemia, respeitar o distanciamento social é fundamental, inclusive no transporte público. São Paulo não pode esperar: 100% da frota de ônibus em circulação já!!!”, a categoria quer que 100% da frota de veículos esteja a disposição da população.

“Primeiro que a gente garante o emprego da categoria. Segundo, a gente garante uma mobilidade melhor para a população. Terceiro, a gente garante um ambiente de trabalho mais confortável para os nossos trabalhadores diante desse caso de doença pública que o nosso país e o mundo estão vivendo”, explicou Valmir Santana da Paz, presidente do Sindmotoristas.

De acordo com um estudo do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coope), da Universidade Federal do Rio de Janeiro, motoristas e cobradores de ônibus estão no grupo de profissionais com o maior risco de contaminação da Covid-19. Um levantamento feito pela Secretaria de Saúde do Sindmotoristas revela que, até o dia 20 de maio, foram registradas 35 mortes (confirmadas e suspeitas) entre motoristas de ônibus da capital paulista em decorrência do coronavírus. Mais de 10 mortes são de profissionais que atuam na Zona Sul.

Na última sexta-feira (5), a Prefeitura determinou que os ônibus devem respeitar o limite de assentos e transportar apenas passageiros sentados. No entanto, na última segunda-feira (8), primeiro dia útil da medida, a Zona Sul registrou aglomeração em algumas linhas, como na 6115-10 (Cantinho do Céu/Terminal Grajaú) e 5362-10 (Praça da Sé/Residencial Cocaia).

Contrariado, o prefeito Bruno Covas ameaçou demitir o secretário municipal de Mobilidade e Transportes, Edson Caram. “O secretário havia me dito que garantia que nessa semana não haveria passageiro em pé. Hoje pela manhã os números que a gente tem é que 5% das linhas nós tínhamos passageiro em pé. O secretário tem até sexta-feira para conseguir fazer isso. Se até sexta-feira ele não conseguir fazer isso, a partir da segunda (15) é outro secretário que vai tentar fazer isso”, afirmou o prefeito.

Segundo o Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de São Paulo (SPUrbanuss), até a última terça-feira (9), cerca de 10.123 ônibus estavam circulando em São Paulo com capacidade média para 320 mil passageiros sentados/hora. Hoje (10), a promessa é que 11.828 ônibus circulem, carregando, em média, 368 mil passageiros sentados/hora. Se 100% da frota estivesse na rua, seriam 12.800 ônibus circulando, e a capacidade média de passageiros sentados/hora sobe para 400 mil.

Para a SPUrbanuss, a população também deve contribuir para evitar aglomerações. “Eles [motoristas] não têm poder de polícia e não podem parar o ônibus e falar ‘para fora o senhor’, não pode. Se o senhor não descer eu não saio com o ônibus’. Vai criar uma confusão dentro do ônibus. Nós estamos pedindo que a população nos ajude a fazer um esforço tremendo. A capacidade de oferta tem limitações”, disse Francisco Christovam, assessor especial do SPUrbanuss.

Ontem (9), a Defensoria Pública do Estado de São Paulo e o Ministério Público-SP deram 48 horas para a SPTrans, EMTU, Metrô, CPTM, Secretaria de Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo e a Secretaria Municipal de Mobilidade e Transporte, responderem as medidas que serão feitas para evitar aglomeração de passageiros e consequente aumento do risco de contágio.

Os órgãos também pedem que seja utilizada 100% da frota, além de que sejam feitos protocolos de distanciamento entre passageiros e ampla divulgação sobre o funcionamento do serviço de forma contínua.


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