Jovem grávida é assassinada pelo marido, na frente do filho mais velho, na Zona Sul

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O Estado de São Paulo registrou 87 casos de feminicídio no 1º semestre do ano: a maioria das vítimas foram mortas dentro de casa pelos companheiros ou ex-companheiros. Por causa do isolamento social imposto pela pandemia, desde o mês de abril as mulheres podem fazer denúncias de violência doméstica pela internet. Entre abril e junho foram realizados mais de 5.500 boletins de ocorrência em todo o Estado


Uma jovem de 25 anos foi assassinada pelo próprio marido na região do Grajaú, na madrugada do último sábado (8). A moça estava grávida e o filho mais velho do casal, de apenas cinco anos, assistiu o crime.

O choro da criança alertou os vizinhos, que chamaram a Polícia e encontraram a vítima, Camila Furtado, já morta.

O marido, de 29 anos, foi preso em flagrante horas depois e confessou o crime. Em depoimento à Polícia, ele disse que descobriu que o filho que ela esperava não era dele então estrangulou a mulher, cortou o pescoço dela e golpeou sua cabeça com uma barra de ferro.

O caso foi registrado como feminicídio e aborto provocado por terceiro, sem consentimento da gestante, na 101º Delegacia de Polícia, no Jardim das Imbuias.

FEMINICÍDIO EM SP: 87 CASOS NO 1º SEMESTRE DO ANO

O Estado de São Paulo registrou 87 casos de feminicídio no 1º semestre de 2020, segundo boletins de ocorrência e dados criminais da Secretaria de Segurança Pública.

Os casos de feminicídio no Estado de SP só tem crescido: no 1º semestre de 2016, foram 31 mulheres mortas; em 2017, foram 48; em 2018, o Estado teve 57 vítimas; no ano passado, foram 85; e, nos seis primeiros meses deste ano, 87.

Segundo o Portal da Secretaria de Segurança Pública, 86 boletins de ocorrência informam dados relevantes para os casos:

• 59 boletins informam que as vítimas foram mortas dentro de casa;

• 71 boletins afirmam que os agressores foram os companheiros ou ex-companheiros das vítimas;

• 37 boletins informam que houve prisão em flagrante.

A maioria das vítimas deste primeiro semestre tinha uma média de idade de 35 anos. Além disso, 55% delas eram brancas e 45%, pretas ou pardas.

Por causa do isolamento social imposto pela pandemia, desde o mês de abril as mulheres podem fazer denúncias de violência doméstica pela internet. Entre abril e junho foram realizados mais de 5.500 boletins de ocorrência em todo o Estado, uma média de 62 registros por dia ou 1 a cada 23 minutos.

Em fevereiro foram decretadas 1.934 medidas protetivas em caráter de urgência, porém, em março, mês em que começou a quarentena, o número de protetivas subiu para 2.500. Os principais fatores de risco, aplicados a situação da pandemia, de acordo com o Ministério Público, são:

  • isolamento da vítima
  • consumo de álcool ou drogas ilícitas
  • comportamento controlador
  • desemprego

“Com a pandemia, houve queda de roubo, queda de crimes que acontecem em espaço público, mas já o feminicídio se mantém em índices altíssimos. Então, estamos errando. O Estado, a Justiça, a sociedade erra cada vez que morre uma dessas mulheres. Se estamos falando de mortes evitáveis, temos que pensar que políticas efetivas que consigam coibir e interromper essa escalada de violência”, afirma Silvia Chakian, promotora de Justiça e integrante do Grupo de Atuação Especial de Enfrentamento à Violência Doméstica.

Na última sexta-feira (6), a Lei Maria da Penha, que criminalizou a violência contra a mulher, completou 14 anos. O feminicídio (homicídio motivado por violência doméstica ou discriminação de gênero) é considerado crime hediondo desde 2015, ano em que foram registrados 11 casos deste crime no primeiro semestre do ano.


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