Bairros da Zona Sul dobram o número de mortes por coronavírus em menos de 15 dias

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Na Zona Sul, os bairros com mais mortes são: Capão Redondo, Grajaú, Jardim São Luís, Jardim Ângela e Cidade Ademar. Para especialistas, o isolamento social é a única maneira de conter a doença


Segundo um mapa das mortes por coronavírus divulgado pela Prefeitura, com dados até 14 de maio, a Zona Sul da capital paulista é a região em que mais cresceram os casos de óbitos suspeitos e confirmados. Em menos de 15 dias, subiu para 79% o número de casos fatais.

Este mapa de 14 de maio mostra que aconteceram 4 mortes em Marsilac, 14 na Capela do Socorro, 32 em Santo Amaro, 34 em Moema, 40 em Pedreira, 44 no Campo Grande, 46 no Itaim Bibi, 47 no Campo Belo, 56 no Campo Limpo, 58 em Parelheiros, 60 na Vila Mariana, 83 em Cidade Dutra, 89 no Jabaquara, 101 em Cidade Ademar, 106 no Jardim Ângela, 118 no Jardim São Luís, 125 no Grajaú e 126 no Capão Redondo.

Isso significa que, em comparação com o mapa do dia 30 de abril, a Zona Sul registrou cerca de 640 óbitos a mais, contabilizando mais de 1.400 mortes. Em 15 dias, pelo menos sete bairros dobraram a quantidade de casos (cerca de 141%):

  • Parelheiros: de 24 para 58 mortes
  • Campo Grande: de 19 para 44 mortes
  • Jardim São Luís: de 55 para 118 mortes
  • Capão Redondo: de 60 para 126 mortes
  • Campo Limpo: de 27 para 56 mortes
  • Santo Amaro: de 16 para 32 mortes
  • Capela do Socorro: de 7 para 14 mortes

“O coronavírus chegou em São Paulo importado de outros países e inicialmente se concentrou nas áreas dito ‘nobres’ da cidade, como o Morumbi. Agora ele caminha claramente para a periferia, onde, por questões sociais ou financeiras, as pessoas vivem mais aglomeradas, não tem uma boa estrutura de saúde pública à disposição e não têm condições de cumprir uma quarentena em isolamento. É a lógica da história de toda epidemia no mundo, onde os pobres sofrem mais por décadas de negligenciamento social”, aponta Álvaro Furtado Costa, infectologista do Hospital das Clínicas e do Instituto de Infectologia Emílio Ribas.

No entanto, a Zona Leste ainda lidera no número de casos absolutos de mortes e a Brasilândia, na Zona Norte, como o bairro com mais mortes. Na Zona Sul, os bairros com mais mortes são: Grajaú (+ de 145), Capão Redondo (+ de 140), Jardim São Luís (+ de 135), Jardim Ângela (+ de 105), Cidade Ademar (+ de 100).

“Os números de agora são uma fotografia do que aconteceu há duas semanas atrás. Desde o início da pandemia muita gente ignorou os alertas das autoridades de saúde de ficarem em casa, por várias razões, principalmente as sociais e financeiras. Não dá para desprezar que alguém que mora no Morumbi tem uma vida mais confortável para se manter em isolamento do que na periferia. Mas é preciso dizer também que não existe outra solução para evitar o colapso da Saúde que não seja o isolamento social”, afirmou o supervisor de UTIs do Instituto Emílio Ribas, Jaques Sztajnbok.

Nesta sexta-feira (22), a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que a América Latina é o novo epicentro do coronavírus e que o Brasil é o país mais afetado. “”Vimos muitos países sul-americanos com aumento do número de casos, e claramente há preocupação em muitos desses países, mas certamente o mais afetado é o Brasil neste momento. A maioria dos casos é da região de São Paulo, mas também Rio de Janeiro, Ceará, Amazonas, Pernambuco estão sendo afetados”, declarou Michael Ryan, diretor do programa de emergências da OMS.


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