Durante a quarentena, com o aumento da procura por gás devido ao medo do desabastecimento, o preço do botijão de 13 kg subiu em 35%. Uma pesquisa de fevereiro revela que os comércios da Zona Sul já cobram preços abusivos há um bom tempo
Desde o início da quarentena por conta do coronavírus, uma das principais preocupações dos brasileiros é a falta de alimentos, itens de higiene e limpeza, e também do gás de cozinha. Isso porque a maioria das pessoas está isolada em casa e as famílias passaram a cozinhar mais.
Essa preocupação com o gás de cozinha, em muitas capitais do país, fez os preços subirem consideravelmente. De acordo com dados do aplicativo Chama, subiu em 35% o preço do botijão de gás no período de quarentena. “A preocupação com o aumento dos casos da doença forçou o isolamento social e, com isso, as pessoas não só deixaram de frequentar restaurantes como também passaram a cozinhar em casa e com mais frequência, o que tem trazido um aumento do consumo de gás de cozinha”, analisa Sheynna Hakim Rossignol, diretora geral do Chama no Brasil.
Se em São Paulo, no início de março, os preços do botijão de gás de 13 kg estavam em torno de R$ 71, no final do mês o mesmo gás já custava R$ 81.
Para evitar a cobrança de preços abusivos, o Procon-SP fechou um acordo com o Sindicato das Empresas Representantes de Gás Liquefeito de Petróleo da Capital e dos Municípios da Grande São Paulo (Sergás) estabelecendo o preço máximo de R$ 70 para o gás de cozinha de 13 kg, até o dia 30 de julho de 2020.
Esse preço de R$ 70 será cobrado desde que o consumidor leve um botijão vazio para o revendedor. O serviço de delivery está autorizado a cobrar até R$ 9,90 pela entrega nas residências. Quem cobrar além dos R$ 70 deve provar que antes da quarentena já cobrava este preço superior.
“Em época de coronavírus não existe tabelamento, mas elevar o preço em relação ao que era praticado antes da pandemia sem justa causa é crime contra a economia popular e infração gravíssima contra os direitos do consumidor”, afirma o secretário de Defesa do Consumidor, Fernando Capez.
Durante os dias de quarentena, o Procon- SP registrou quase 400 denúncias, em seu site, aplicativo e redes sociais, de estabelecimentos que estavam cobrando preços muito elevados.
Em fevereiro, o aplicativo Chama publicou uma pesquisa que revela que a Zona Sul da capital é o local onde os preços do botijão de gás de 13kg são mais abusivos. O bairro mais caro é a Vila Nova Conceição, onde o item custa cerca de R$ 95. Em comparação, em Itaquera, na Zona Leste, o preço diminui para R$ 62.
Dos 10 bairros onde o gás é mais caro, oito estão na Zona Sul:
- Vila Nova Conceição: R$ 95
- Eldorado: R$ 93
- Vila Marari (Cidade Ademar): R$ 92
- Jardim Casa Grande (Parelheiros): R$ 92
- Jardim Itapura (Pedreira): R$ 90
- Vila das Mercês (Sacomã): R$ 90
- Jabaquara: R$ 90
- Saúde: R$ 90
Toda essa diferença de preços entre os bairros da capital significa que um botijão de gás pode custar até 127% a mais no mesmo bairro, como é o caso da Vila Miriam, na Zona Norte, em que o preço varia de R$ 65,99 até R$ 150. No Jardim São Luís, na Zona Sul, essa oscilação fica em 49%, com preços entre R$ 66,99 e R$ 100.
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