Na Zona Sul, os bairros que lideram o número de viagens no transporte público são os que mais registraram mortes por Covid-19: Grajaú, Jardim Ângela, Capão Redondo e Jardim São Luís. Na pesquisa foi possível descobrir que os 10 distritos com mais mortes também são os distritos em que as pessoas mais usam o transporte público
Segundo a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), as principais vítimas da Covid-19 na capital paulista são as donas de casa, usuários do transporte público e profissionais autônomos. Pesquisadores chegaram a essa conclusão após comparar dados das mortes por Covid-19 nos 96 distritos da capital com dados da pesquisa Origem e Destino, do Metrô.
Foi possível descobrir que os 10 distritos com mais mortes também são os distritos em que as pessoas mais usam o transporte público e, segundo o Metrô, estes locais têm grande concentração de donas de casa e profissionais autônomos.
O Grajaú, no extremo da Zona Sul, lidera o número de viagens no transporte público (384 mil viagens/dia) e é um dos três bairros com mais mortes por coronavírus, ultrapassando 380 óbitos. Por outro lado: Perdizes, na Zona Oeste, está em 3º lugar com o maior número de viagens de carro e ocupa a 63º posição das mortes por Covid-19 entre os 96 distritos da cidade.
Além do Grajaú, outros três distritos da Zona Sul que também lideram o número de viagens no transporte público são os que mais registraram mortes por Covid-19:
• Jardim Ângela: 334 mil viagens/dia e mais de 350 óbitos
• Capão Redondo: 284 mil viagens/dia e mais de 330 óbitos
• Jardim São Luís: 272 mil viagens/dia e mais de 330 óbitos
“De uma maneira bem contundente está acontecendo mais mortes onde você tem maior viagens de transporte coletivo, de ônibus, trem e metrô. A quantidade de viagens com transporte coletivo explica 80% a quantidade de óbitos”, diz Kazuo Nakano, professor do Instituto das Cidades da Unifesp.
CONTATO COM A COVID-19
Uma nova fase da pesquisa “SoroEpi MSP” realizado pelo Grupo Fleury, Instituto Semeia, IBOPE Inteligência e Todos Pela Saúde, revelou que entre 5 pessoas de baixa renda, pelo menos 1 já teve contato com a Covid-19. Sendo assim, 1,5 milhão de pessoas (17,9%) já foram infectadas pelo vírus na cidade de São Paulo. Essa taxa de prevalência é maior que todas as taxas apresentadas nos inquéritos sorológicos feitos pela Prefeitura de SP.
Segundo a pesquisa, cerca de 22% dos que quem ganham menos de R$ 3.349 (baixa renda) já se infectaram com o vírus. Já os que ganham entre R$ 3.350 e R$ 5.540 (renda intermediária), 18% se infectaram e entre quem recebe mais de R$ 5 mil, apenas 9% foram infectados.
“Da primeira fase para agora o número de casos na cidade multiplicou-se por quatro, enquanto da segunda para a terceira fase, o aumento foi de 40%, 60%. O dado do estudo é compatível com o que estamos observando na cidade que já passou pelo seu pior momento”, explica um dos coordenadores da pesquisa, o biólogo Fernando Reinach.
QUEDA NAS MORTES NO ESTADO DE SP
Segundo o Governo do Estado, pela segunda semana seguida houve queda no número de óbitos por Covid-19: entre 9 a 15 de agosto (1.764 mortes) e 16 a 22 de agosto (1.612 mortes) a redução foi de 9% no Estado. Entre os períodos de 2 a 8 de agosto e de 9 a 15 de agosto já havia sido registrada uma redução de 1% nas mortes no Estado.
Até a última segunda-feira (24), “a taxa de ocupação em UTI é de 55,6% no estado e de 53,7% na Grande São Paulo. Houve queda de 7% nas internações em UTI no estado, 9% na capital e 3% no interior e litoral”, informou o Governo.
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