Cosplay: a arte de viver seu personagem

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Em entrevista com a criadora de conteúdo e mestra em cosplay, Bianca Contursi, viemos lhes mostrar mais sobre esta arte e o mundo geek


Provavelmente você já viu algumas pessoas em eventos, ou até mesmo em alguns lugares da cidade vestidas de forma muito parecidas com personagens de animes e HQs, ou idênticas a personagens conhecidos da cultura popular. Para quem não está muito familiarizado com a cultura nerd (também conhecida como geek), este tipo de vestimenta e interpretação de personagens são chamados de Cosplays. Junção de costume (fantasia em inglês) e roleplay (brincadeira ou interpretação). É considerado um hobby onde os participantes se fantasiam de personagens fictícios da cultura pop. Mas hoje em dia, ser um(a) cosplayer se tornou algo que pode ir muito além de hobby, atualmente muitas pessoas trabalham com esta forma de arte, como a cosplayer internacional e criadora de conteúdo, Bianca Contursi, 35 anos.

Bia começou a fazer cosplays por volta de 2002, quando era um seguimento muito pequeno na época e os eventos tinham proporções bem menores. Quando adolescente, em seu primeiro evento sobre universo geek, ela, que sempre gostou de se aventurar, já decidiu que queria ser uma cosplayer, “Quando cheguei havia alguns cosplayers, mas o que me encantou foi um menino vestido de Yue, um personagem anjo do anime Sakura Card Captors, um dos meus animes favoritos na época, e tinha umas asas enormes. Quando olhei aquilo me brilhou os olhos, não sabia que poderia ser meu personagem favorito, que amava, e ele foi a personificação de que poderia acontecer”.

Bianca Contursi como Sansa Stark de Game of Thrones

Como naquela época não havia muitas possibilidades em relação a criação de cosplays, Bianca começou com personagens mais simples. Com o passar do tempo, adquirindo uma grande experiência, se profissionalizou em 2017, graças também a seu canal no YouTube, no qual criou como forma de divulgação de suas incríveis montagens. O canal acabou dando tão certo que prosseguiu com ele por ser bem conectado as suas criações de cosplays, prosseguiu então em seu trabalho como criadora de conteúdo, abordando temas como cosplays e notícias sobre cultura POP em geral (filmes, séries, livros, games, animes, eventos…), transformando-a em uma Repórter-Cosplayer.

Sua introdução ao mundo nerd começou através de seu irmão, quatro anos mais velho, que quando criança já era adepto a esta cultura. Assim os dois passaram a consumir tudo que existia sobre ela. “Hoje em dia não sei quem é mais nerd, eu ou ele”, diz Bia brincando.

Atualmente Bia mora em Portugal, em geral viaja para São Paulo e Rio de Janeiro, onde tem mais trabalho, e aproveita as idas ao Rio para ver a família. Já participou de diversos dos principais eventos nacionais e internacionais como BGS, Game XP e CCXP em São Paulo, POA Geek Week e Bienal Geek em Recife, CCXP Cologne na Alemanha, DragonCon em Atlanta e New York Comic Con nos Estados Unidos.

Processo de produção

Antigamente coisas nerds eram mais escondidas, quem gostava de quadrinhos eram os excluídos e os que sofriam bullying no colégio. Hoje em dia, é cada vez mais difícil alguém não que goste pelo menos de algum segmento originado desta cultura, muito popularizado na última década, fazendo aumentar radicalmente o público. Isto possibilitou cosplayers a se profissionalizarem mais pois as empresas viram a demanda crescer, assim novos produtos e materiais foram surgindo. No início desta época as únicas possibilidades eram fazer por si só ou pedir a uma costureira, não havia tantas possibilidades, mas hoje quem quiser pode até comprar cosplays prontos.

Geralmente Bia manda fazer suas roupas, escolhe cosplays mais elaborados e quando quer fazer algo do zero, a maior partes delas quem faz é o figurinista Marco Pacheco (@marcopachec0), assim os trajes ficam exatamente em suas medidas. Quando prefere adquirir algo pronto, dependendo do que for, ela afirma que não costuma ficar tão bom, por isso o melhora.

Quando é chamada para eventos, na maior parte das vezes solicitam um cosplay de um personagem específico. Mas caso tenha por exemplo uma atração com algum(a) artista, solicitam algum que se enquadre nas produções no qual ele(a) participou. Como exemplo, se em algum evento irá um ator da Marvel, ela verifica qual personagem mais combina com os dias e seguimentos dele e escolhe o cosplay ideal. Às vezes também pedem que venha como algum personagem no qual os próprios produtores do evento sejam fãs e a viram trajada como ele em algum lugar.

Bianca Contursi como Starlight de The Boys

Como começar?

Como todo mundo, Bia começou bancando tudo sozinha antes de conseguir ser contratada para ir aos eventos. Segundo ela, cosplays são muito caros de se fazer, em todo lugar, mesmo para quem faz como hobby. Mas mesmo assim, as partes boas fazem valer muito a pena.

Para quem pensa em começar, cosplays não precisam ser necessariamente algo super definido e incrementado, existem vários cosplays simples, que podem ser montados com peças disponíveis no próprio armário. A partir daí é possível modificar, fazer uma maquiagem mais característica com o personagem e ele está criado.

Bia nos lembra que nem sempre as coisas são como projetamos em nossa mente. Muitas vezes ficamos maravilhados com os artistas ou coisas que vemos, e quando tentamos na prática, não tem todo aquele glamour que imaginávamos. Por isso, para quem quer começar, seja como hobby ou profissão, ela recomenda iniciar com coisas simples e ir se aprimorando com o tempo e se vestindo como algum personagem que ame muito, pois o mais legal de tudo isso é interpretá-lo, brincar e interagir com o público.

“Comece com algo fácil, pois imagine se quiser fazer por exemplo o Homem de Ferro, no qual a  armadura é caríssima, e [devido ao desconforto e inexperiência] no evento você vai odiar, vai ver que é um calor dos infernos estar naquela roupa, ter aquela atenção [já que mal conseguirá se mover para interagir], não vai conseguir comer, se mexer, curtir o evento como frequentador normal… então você vai odiar fazer cosplay, além de ter gasto muito dinheiro em uma roupa que você nunca mais vai usar. É legal você começar com algo simples e investir na interpretação, o pessoal gosta muito de interpretações. Com o tempo você vai aumentando a complexidade das roupas e tendo como investir mais nelas”, recomenda a cosplayer. “Muito cosplay incrível é ‘de armário’, chamamos de ‘cosplay de armário’ ou ‘cospobre’, eu amo cospobre, aquele cosplay supersimples e barato que as pessoas adaptam com coisas que tem em casa. E tem gente tão criativa, mas tão criativa, a ponto de superar o cosplay que você gastou uma fortuna. Então acho que é principalmente focar na criatividade, na interpretação e se jogar”, completa.

Questionada sobre seu cosplay favorito ela afirma, “Tenho uns 30 cosplays diferentes, dizer meu favorito é forte, mas acho que gosto mais de interpretar a Lady Joker, porque ela tem uma interpretação muito caricata. Ela faz posições muito curvadas, então machuca, mas é muito bom poder fazer o que quiser, já fiz diversas coisas com esta personagem. Assusto muita gente de bobeira com a gargalhada e é ótimo, então é um cosplay que me divirto muito. Acho que é meu favorito de se interpretar”.

Bianca Contursi como Lady Joker de Batman

Cosplay é arte!

Por ser uma arte diferente das tradicionais, muitas pessoas ainda não entendem que o cosplay é sim uma arte. Como exemplo, muitas pessoas da geração anterior não veem como trabalho, acham normal ter gosto pela cultura nerd mas não acreditam que pode ser uma profissão.

O cosplayers, assim como profissões mais recentes que surgiram no universo geek como criadores de conteúdo, pro players e streamers, para muitos ainda é difícil ver e aceitar como profissão.

Bianca Contursi, por meio de seu Instagram @biancacontursi, postou em 12 de maio, no mês do orgulho nerd, esclarecendo que:

“Cosplay é arte, é expressão… […] é triste ver que ainda existe uma visão distorcida sobre cosplay…

Cosplay é a arte de se transformar em um personagem, por meio de vestuário, interpretação e maquiagem. Pesquisamos referências dos trajes, estudamos os trejeitos dos personagens, dedicamos tempo e dinheiro para trazer nossos personagens favoritos à vida.

Hobby para alguns, trabalho para outros, o cosplay é uma forma de expressão cada vez mais popular […]. Mas muitos ainda reduzem nossa arte a “brincadeira de criança” ou, até mesmo, fetiches…”.

Vida nerd

“Esse é um meio que nós nerds conseguimos ter mais atenção, chamar mais gente para esse público, mostrar que tem muita coisa, muita gente de vários seguimentos geeks, que está todo mundo junto, e nos unimos para conseguir melhor visibilidade fazendo o que amamos.

Quanto mais visibilidade, melhores conteúdos, mais produções e acho que cada vez mais estamos conseguindo isso”, finaliza Bianca Contursi.

Bianca Contursi como Mary Jane Watson / Homem-Aranha

Para saber mais acesse

Site – http://www.biancscontursi.com/

Instagram – https://www.instagram.com/biancacontursi/

YouTube – https://www.youtube.com/c/BiaContursi

Facebook – https://www.facebook.com/biancacontursi

TikTok – https://www.tiktok.com/@biancacontursi

Twitter – https://twitter.com/biacontursi


SUGESTÕES DE PAUTA: reportagem@gruposulnews.com.br

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