Bairros da Zona Sul têm o dobro de mortes por Covid-19 do que bairros ricos

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Os 20 distritos mais pobres representam 41% do total de mortes por Covid-19 na capital paulista. Já o Estado de São Paulo ultrapassou mais uma marca na pandemia do coronavírus: 30.014 vidas perdidas para a doença


Entre os meses de abril e agosto, os 20 distritos mais pobres da cidade de São Paulo registraram mais que o dobro de mortes ocasionadas pela Covid-19 do que nos 20 bairros mais ricos da capital, segundo a Secretaria Municipal de Saúde.

Esses 20 distritos mais pobres representam 41% do total de mortes por Covid-19 na cidade de São Paulo.

Nos bairros pobres houve crescimento de 870%, entre 17 de abril e 16 de agosto, ou seja: 474 mortes para 4.600. Já nos bairros ricos o crescimento de mortes, no mesmo período, foi de 584,9%, ou seja: 312 mortes para 2.137.

Confira o crescimento de mortes em cinco distritos da Zona Sul, que, no total, já tem mais de 3 mil óbitos:

  • Parelheiros: 12 mortes em abril X 169 mortes em agosto = +1308,3%
  • Grajaú: 33 mortes em abril X 387 mortes em agosto = +1072,7%
  • Capão Redondo: 33 mortes em abril X 334 mortes em agosto = +912,1%
  • Pedreira: 12 mortes em abril X 143 mortes em agosto = +1091,7%
  • Jardim Ângela: 23 mortes em abril X 349 mortes em agosto = +1417,4%

De acordo com um estudo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que comparou dados das mortes por Covid-19 nos 96 distritos da capital com dados da pesquisa Origem e Destino do Metrô, os 10 distritos com mais mortes também são os distritos em que as pessoas mais usam o transporte público.

O Grajaú, no extremo da Zona Sul, lidera o número de viagens no transporte público (384 mil viagens/dia) e é um dos três bairros com mais mortes por coronavírus. Por outro lado: Perdizes, na Zona Oeste, está em 3º lugar com o maior número de viagens de carro e ocupa a 63º posição das mortes por Covid-19 entre os 96 distritos da cidade.

Além do Grajaú, outros três distritos da Zona Sul que também lideram o número de viagens no transporte público são os que mais registraram mortes por Covid-19:

  • Jardim Ângela: 334 mil viagens/dia e mais de 300 óbitos
  • Capão Redondo: 284 mil viagens/dia e mais de 330 óbitos
  • Jardim São Luís: 272 mil viagens/dia e mais de 330 óbitos

“De uma maneira bem contundente está acontecendo mais mortes onde você tem maior viagens de transporte coletivo, de ônibus, trem e metrô. A quantidade de viagens com transporte coletivo explica 80% a quantidade de óbitos”, diz Kazuo Nakano, professor do Instituto das Cidades da Unifesp.

ESTADO DE SÃO PAULO: 30 MIL MORTES

Nesta segunda-feira (31) o Estado de São Paulo ultrapassou mais uma marca na pandemia do coronavírus: 30.014 vidas perdidas para a doença.

Apenas o Estado de São Paulo contabiliza mais mortes do que seis países da América do Sul: Argentina (8.400), Bolívia (4.900), Chile (11.200), Paraguai (308), Uruguai (44) e Venezuela (381).

Segundo o governador, o Estado registrou mais uma semana de queda no nível das mortes. “Pela terceira semana consecutiva conseguimos reduzir o número de óbitos e internações. Tivemos uma redução de 4% nos óbitos da semana que passou, entre os dias 23 e 29 em relação à semana anterior. Houve queda de novas internações na capital, região metropolitana, litoral e interior. Mas sempre volto a repetir com muita ênfase, temos que ter extrema precaução, não há nada para celebrarmos. A celebração só virá após a imunização com a vacina. Até lá precisamos ter resiliência, paciência, compreensão e proteção a vida”, disse João Doria.


SUGESTÕES DE PAUTA: reportagem@gruposulnews.com.br

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