Vigilância Sanitária fecha fábrica clandestina de álcool gel na Zona Sul

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Em março, no início da pandemia, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária autorizou empresas de cosméticos e produtos de limpeza e também farmácias de manipulação, a fabricar o produto sem uma autorização prévia da agência. Um estudo recente do Instituto de Pesquisas Tecnológicas mostrou que sete amostras de álcool gel comercializados em mercados e farmácias apresentaram teor de álcool abaixo dos 70% recomendados


No dia 2 de setembro, a Vigilância Sanitária fechou uma fábrica clandestina de álcool gel na Zona Sul. Os agentes da Vigilância Sanitária receberam uma denúncia de que um imóvel na Rua Alexandre de Gusmão estava sendo usado para adulterar produtos de higiene pessoal.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, “no endereço foram encontrados produtos e insumos sem nota fiscal e sem os devidos cuidados de manejo e armazenamento. Os donos da empresa e funcionários, acompanhados de advogado, foram encaminhados à delegacia. O caso foi registrado no Departamento de Polícia e Proteção à Cidadania (DPPC)”.

Em março, no início da pandemia, o item mais procurado nas farmácias e mercados foi o álcool gel:  o produto sumiu das prateleiras e teve o preço mais elevado. Isso levou muitas pessoas a venderem produtos adulterados. No dia 18 de março, a reportagem do Grupo Sul News flagrou um grupo de vendedores ambulantes na estação Largo Treze, da Linha 5-Lilás, vendendo um produto aparentemente parecido com álcool gel: uma mistura de álcool 70 com gel para cabelo. As embalagens não tinham rótulo com autorização da Anvisa ou selo do Inmetro e eram vendidas por até R$ 20.

Na época, com a alta procura pelo álcool gel, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) simplificou a produção e autorizou empresas de cosméticos e produtos de limpeza, além de farmácias de manipulação, a fabricar o produto sem uma autorização prévia da agência.

Pesquisadores do Laboratório de Análises Químicas do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) acreditam que a falta de experiência de algumas empresas, na manipulação dos itens que compõem o álcool gel, seja uma das explicações para a quantidade de produtos fora do padrão.

Um estudo recente do IPT mostrou que sete amostras de álcool gel comercializados em mercados e farmácias, apresentaram teor de álcool abaixo dos 70%. A Anvisa recomenda que desinfetantes a base de álcool tenham uma concentração de 60% a 80% de etanol para eliminar germes que causam doenças. No caso do álcool gel, o percentual mínimo deve ser de 70%.

Os pesquisadores analisaram sete produtores de diferentes marcas, escolhidos aleatoriamente. Uma das marcas, inclusive, só tinha 54% de etanol. A maior concentração de álcool ficou em 65%.

“Isso acaba sendo um risco pra quem está utilizando porque a pessoa acredita que é um produto seguro. Ela pode até levar a mão à boca, ao nariz, ao olho, mas não está higienizada corretamente. A gente percebeu que as marcas que já tem uma tradição em trabalhar com produtos de açúcar e álcool ou marcas de cosméticos tem um teor dentro do esperado. Aquelas que a gente percebeu que estavam fora são marcas menos conhecidas ou marcas novas, que aproveitaram a pandemia para fabricar este tipo de produto”, explicou o químico e pesquisador do IPT, João Paulo Amorim de Lacerda.

Denúncias e dúvidas relacionadas ao álcool gel devem ser relatadas à Anvisa pelo telefone: 0800 642 9782.


SUGESTÕES DE PAUTA: reportagem@gruposulnews.com.br

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