Prefeitura desenvolve projeto junto a jovens negros vítimas de violência

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O objetivo é compreender as causas da violência e atuar junto aos jovens e suas famílias


De acordo com o “Atlas da Violência”, publicação divulgada anualmente pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), a população negra, em especial os jovens, continua a ocupar o primeiro lugar como vítimas de morte violenta no Brasil, correndo duas vezes mais risco de ser assassinada do que quaisquer outros estratos da população.

É a partir desta realidade que a Prefeitura criou um projeto pioneiro, voltado à assistência integral de crianças e adolescentes negros vítimas de violência. A ação é coordenada pelas áreas técnicas de Saúde Integral da Pessoa em Situação de Violência e de Saúde da População Negra da Secretaria Municipal da Saúde (SMS).

Atualmente em fase piloto em Cidade Tiradentes, bairro do extremo da zona leste de São Paulo, o projeto “O papel fundamental da Saúde no enfrentamento às violências de crianças e jovens negros da Cidade Tiradentes” se propõe a realizar uma abordagem individualizada de todos os casos de violência contra jovens negros registrados na rede municipal de saúde. Esse registro é realizado por meio do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde (MS).

Cidade Tiradentes possui uma população de 211 mil habitantes, de acordo com o censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sendo que 60,1% da população do distrito é preta e parda (contra 41,7% na cidade como um todo, e sua população jovem chega a 50,5% (comparada a 44,4% na cidade).

Segundo a supervisora técnica de saúde da região, Alvelice Reis Santos Oliveira Chamelet, no dia a dia do cuidado contínuo em saúde ofertado pelos equipamentos e profissionais do território, é possível observar como o nível de desigualdade social presente no bairro impacta na qualidade de vida de seus moradores, invisibilizando necessidades relevantes para o desenvolvimento saudável de crianças, adolescentes e jovens. “Este projeto se apresenta com uma alternativa importante para garantir melhores condições de vida para os jovens do território, proporcionando oportunidades de melhoria do acesso a direitos de cidadania e da qualidade de vida”, diz a supervisora.

Núcleos

O primeiro passo foi realizar um levantamento de todos os registros de violência contra jovens negros nas 13 UBSs de Cidade Tiradentes. Depois da análise das informações contidas nas fichas, os Núcleos de Prevenção à Violência (NPV) presentes nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), juntamente com os Agentes Comunitários de Saúde (ACSs) e os Agentes de Promoção Ambiental (APA) serão envolvidos e atuarão junto às famílias para entender sua situação, inclusive por meio de atuação intersecretarial, se necessário.

O objetivo, diz a assessora da Área Técnica de Saúde Integral da Pessoa em Situação de Violência, Cássia Liberato Muniz Ribeiro, é desenvolver um Projeto Terapêutico Singular (PTS) para cada jovem, no qual equipes multidisciplinares dos equipamentos municipais de saúde (Unidades Básicas de Saúde, UBSs, Centros de Atenção Psicossocial, Caps, entre outros) deem suporte a demandas em saúde física e mental, não apenas aos jovens, mas também aos seus familiares ou responsáveis.

“Queremos trabalhar para interromper esse ciclo de violência que muitas vezes envolve situações envolve pais ou mães solo em uma situação de grande vulnerabilidade social e econômica, também”, ressalta a assessora técnica, acrescentando que a meta é estender o projeto a outras regiões a partir da análise dos resultados obtidos no piloto de Cidade Tiradentes.


SUGESTÕES DE PAUTA: reportagem@gruposulnews.com.br

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