Prefeitura demite, por mensagem no celular, profissionais da Saúde de hospitais da Zona Sul

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Mesmo com o crescente número de casos de pessoas infectadas pela Covid-19, em dezembro a Prefeitura demitiu profissionais da saúde contratados de forma emergencial que estavam atuando nos hospitais Campo Limpo e Jabaquara (Saboya), e também no Tatuapé e na Mooca. A notícia da rescisão foi informada através de mensagem no celular


A Secretaria Municipal de Saúde projeta que, a partir do dia 20 de janeiro, a cidade de São Paulo registre um aumento nos casos de internações e óbitos por Covid-19. Isso por causa das aglomerações, festas clandestinas e comércio lotado nas festas de fim de ano.

“A ocupação dos leitos de UTI na cidade — que chegou a 50% — hoje está em 63%. Abrimos cerca de 200 novos leitos de enfermaria, mas começa a haver uma pressão maior por internações. Com o que ocorreu em dezembro, sobretudo com a questão do comércio e festas de Natal e Ano Novo, acreditamos que o número de casos e internações deve se acentuar a partir do dia 20, 25 de janeiro. Se viermos nesse ritmo, vamos ter uma pressão bastante acentuada no final de janeiro no sistema de saúde”, disse o secretário municipal, Edson Aparecido.

Mesmo com o crescente número de casos de pessoas infectadas, hospitais municipais da cidade estão perdendo funcionários. Em dezembro, a Prefeitura demitiu mais de 170 profissionais da saúde contratados de forma emergencial que estavam atuando nos hospitais Campo Limpo, Tatuapé, Jabaquara (Saboya) e na Mooca.

De acordo com o Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo, esses profissionais só terão direito ao 13º integral ou proporcional e às férias proporcionais ou integrais. Com a justificativa de que muitos deles se colocaram em risco e até foram infectados pelo coronavírus, o Sindicato vai entrar na Justiça para que a Prefeitura pague direitos que eles não podem obter por terem contrato emergencial.

Na Zona Sul, no Hospital do Campo Limpo, pelo menos 72 pessoas tiveram os contratos encerrados, sendo 44 enfermeiros e auxiliares, além de 14 médicos e pessoas do administrativo. E, para piorar, a notícia da rescisão foi informada através de mensagem no celular.

“Eu me senti muito constrangida. Eu me senti assim, um nada, porque você se dedica ao que você faz, acredito que eu fazia um excelente atendimento”, disse uma ex-funcionária.  

A Prefeitura informou que “novas contratações já estão em andamento e o atendimento à população não será prejudicado. O desligamento de alguns funcionários, que haviam sido contratados de forma emergencial atendendo a demanda do período, ocorreu no último dia 31 de dezembro. Eles estavam ligados à Autarquia Hospitalar Municipal, que foi extinta em agosto de 2020. O órgão esclarece que os funcionários receberão seus vencimentos e indenizações de acordo com o estabelecido nos contratos”.

PRIVATIZAÇÃO DO HOSPITAL DO CAMPO LIMPO

No ano passado, funcionários do Hospital Municipal do Campo Limpo realizaram várias manifestações contra o projeto da Prefeitura de privatizar o local. A Organização Social Albert Einstein seria responsável, a partir de 1º de agosto, pelo Pronto-Socorro, UTI Adulto, UTI Pediátrica, centro cirúrgico, clínicas ortopédica e médica, 40 leitos da internação, além de todos os contratos de serviços terceirizados (nutrição, limpeza, segurança, etc).

No entanto, o Tribunal de Contas do Município apontou várias irregularidades na privatização e a Prefeitura de São Paulo suspendeu o contrato de R$ 115 milhões.

“Essa tentativa de terceirizar o Hospital do Campo Limpo foi feita a toque de caixa. Abriram um processo alegando ‘emergência’, mas tiveram três anos para organizar e investir no hospital e não fizeram isso. Há necessidade de contratação de pessoal e não foi feita. A Prefeitura de São Paulo não fez concurso público! O custo com pessoal de concurso público era 60% do valor global do termo de aditamento número 5, com a terceirização pelo Albert Einstein da Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Na tentativa de ampliar o convênio com o Einstein, para dar conta de todo o Hospital Campo Limpo, o processo de terceirização não discrimina a quantidade de profissionais médicos, de enfermagem e de outras áreas que serão contratados e nem sob quais critérios. Algo totalmente obscuro”, disse Sérgio Antiqueira, presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo (Sindisep).


SUGESTÕES DE PAUTA: reportagem@gruposulnews.com.br

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