O papel do figurinista dentro do teatro e cinema pode impactar na mensagem do personagem ao público

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O premiado cenógrafo e figurinista, Kleber Montanheiro, explica como é a função de vestir personagens


Sempre que pensamos na arte dos espetáculos teatrais, vem em mente o papel de ator, do protagonista ou sendo aquele personagem interpretando aqueles que amamos e que gera prestígio pelo público.

Mas você sabia que o teatro possui diversas tarefas e que, nas vivências por trás dos bastidores, podemos encontrar áreas, atuações, qualidades e dotes que podem alavancar a carreira artística em profissões que nem passam em nossa mente? Por exemplo: Figurinista.

O ator, figurinista e cenógrafo, Kleber Montanheiro, explica como um figurinista pode ser o protagonista na mensagem que o espetáculo quer passar ao público. “Gosto muito dessa coisa de compor personagens. É a construção, o raciocínio e a voz emprestada do ator para aquele personagem e gosto muito de usar a frase: O figurino é a pele do personagem”, explicou.

Kleber Montanheiro mostra só pelo seu look que é um verdadeiro estiloso na arte de vestir personagens!

Kleber começou dançando balé, depois se aventurou como ator. “Fundei minha própria companhia e fui me aventurando no cenário e figurino. O figurino em si me interessa muito, ele pode complementar com dados de informações, como: data, uma época ou um espaço geográfico. Através do figurino que detalha se está frio, calor, época, se estamos no Brasil, na Rússia ou na Ásia. Então o figurino tem muito essa função de ajudar a localizar a própria personagem construída para contar aquela história”, detalha.

Já pensou RIchard III com um óculos da Oakley, roupa da Armani e calça da Louis Vitton desfilando pelo Grajaú!?
Os figurinos também ajudam o ator a mergulhar fundo no personagem e no contexto que o espetáculo quer passar a plateia

E dá para brincar com muitas referências histórias, mesclando personagens de um período histórico, com as circunstâncias de outra época. “Por exemplo, posso pegar o Ricardo III, de Shakespeare e não fazer naquela época. Posso contar essa história nos dias de hoje, recriando a história aos nossos dias. Eu, como figurinista, posso recriar essas possibilidades também, disse Kleber.

Mas o que vem primeiro… o figurino ou o ator? “O figurinista é muito livre, então é um pouco de como vamos contar essa história e de que forma passaremos isso para a plateia”, diz e completa: “Tem um conjunto em paralelo. A ideia do diretor; qual o corpo do ator; como fazemos a leitura estética. Tudo isso caminha junto para a construção do figurino ideal”.

E se você for ator, entender de figurino é importante? “Quanto mais o ator souber, melhor! Ele precisa estar ligado em tudo e entender o entorno dele para poder saber como construir esse personagem. Ter uma função, seja ator ou figurinista, e saber mais sobre outras situações em nosso entorno é sempre muito bom”, explicou.

Kleber ainda dá as orientações certas para entender melhor de figurino: “Estudar história da arte é bem importante, entender as paletas de cores e é fundamental entender sobre dramaturgia! Muitos falam que fizeram curso de moda, que é para fazer roupas para a sociedade. Vai entender de modelagem, mas para figurinos em teatro e cinema é primordial entender sobre dramaturgia, que são aquilo que os personagens estão contando numa história e que precisa ser compreendida pelo visual”.

Não precisa ser especialista em corte e costura, mas é necessário entender para orientar da melhor maneira possível na produção dos figurinos

Outra dica fundamental para os figurinistas, segundo Kleber: “Quem quer se aventurar nas roupas, precisam entender um pouco de corte e costura. Eu não costuro, por exemplo, mas eu crio e desenho para a minha equipe executar aquele figurino. Os futuros figurinistas precisam entender como são feitos os cortes para as roupas, por que no desenho tem de deixar explicado como vai ser feito”.

Por fim, Kleber diz que muitos figurinos de espetáculos acabam sendo guardados para uma possível retomada de temporada da apresentação, outros chegam a ser realmente descartados, mas que muitos são reciclados por outras produções e reusados os tecidos para outros figurinos.

Talvez, se o rapaz estivesse com uma camisa larga, um boné aba reta, bermuda e chinelo havaianas, provavelmente daria uma percepção totalmente diferente do que esse romance aparenta!

Gostou? Qual a área artística que você gostaria de saber como é por dentro dos bastidores?


SUGESTÕES DE PAUTA: reportagem@gruposulnews.com.br

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