Mancha verde aparece na Represa Billings e pode afetar a saúde, alerta pesquisadora

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A mancha apareceu na beira da represa perto do Parque Linear Cantinho do Céu, região do Grajaú. Crianças e um cachorro se divertiram na água verde que foi criada por microalga que se alimenta de esgoto. Já o nível da Represa do Guarapiranga continua baixo, mesmo com a chuva desta semana, por causa do intenso consumo de água


Na última semana, uma mancha verde cobriu parte da Represa Billings na Zona Sul. De acordo com pesquisadores da Universidade Municipal de São Caetano do Sul, uma microalga que se alimenta de esgoto é responsável pela cor e isso pode gerar problemas de saúde para a população.

Vídeos que circulam nas redes sociais mostram a situação na beira da represa: a água parece lodo e um cachorro, que nadava por ali, sai verde da água, sendo chamado de Huck pelos moradores, em referência ao super herói do cinema. Além do cachorro, vídeos também mostram crianças nadando em meio a água verde.

“É uma toxina que pode afetar tanto a pele como ocasionar lesões nas mucosas (olho, nariz, boca) e pior: se essa criança ou esse animal ingerir uma parte dessa água, isso pode chegar até o sistema hepático. Dependendo da condição de vida, como estiver a saúde, isso pode ser até letal”, explica a pesquisadora da Universidade Municipal de São Caetano do Sul, Marta Marcondes.

Os vídeos foram gravados no Parque Linear Cantinho do Céu, construído para colaborar na preservação dos mananciais da represa Billings, que faz parte do Sistema Rio Grande e abastece 1,3 milhão de pessoas em Diadema, São Bernardo do Campo e parte de Santo André. A represa Billings opera com cerca de 75% da capacidade, sendo que em setembro do ano passado o volume da água estava em 100%.

Como a represa está com um nível baixo, a concentração de poluentes cresce. Já o calor ajuda na proliferação de microalgas que deixam a água verde. “Essas algas e essas cianobactérias utilizam essa matéria orgânica para sua alimentação. Então, você tem um cenário muito propício para isso: comida em grandes quantidades e o calor, que faz com que essas algas se proliferem”, afirma a pesquisadora.

A Sabesp informou que investe continuamente em saneamento na área da Billings para recuperar a qualidade da água e para coletar e tratar o esgoto na região.

MAU CHEIRO NA BILLINGS

Em novembro do ano passado, moradores da Zona Sul reclamaram sobre o mau cheiro na represa Billings: uma moradora da Vila Emir relatou que vizinhos já foram várias vezes ao hospital com fortes ânsias de vômito por causa do odor da represa.

“O mau cheiro é fortíssimo pela região. E a desculpa é sempre o produto que jogam pra matar algas, mas tem jeito de descarte de esgoto irregular. Os idosos estão indo parar na AMA por mau cheiro, mal-estar e até ânsia de vômito… alguns idosos vão ao UPA da Avenida Nossa Senhora do Sabará e outros para os hospitais da região”, disse.

Na época, a Sabesp informou que “todo esgoto coletado e proveniente de imóveis regulares na área é encaminhado para tratamento na Estação de Tratamento de Esgoto de Barueri. É importante destacar o fato de a área possuir núcleos irregulares de habitação (onde a Sabesp não pode atuar por lei) que despejam os esgotos in natura na represa Billings”.

VOLUME DE ÁGUA NA REPRESA GUARAPIRANGA

Desde agosto, a represa do Guarapiranga vem apresentando baixos níveis no volume de água. O motivo são as altas temperaturas, o intenso consumo de água e a falta de chuva.

Mesmo com a chuva desta semana, o nível de água na represa do Guarapiranga não mudou do que vinha sendo registrado: no último domingo (20), por exemplo, o volume da água estava em 47% e nesta quarta-feira (23) está em em 46,9%, o que significa que o consumo de água foi maior que o volume de chuva. Em 23 de setembro do ano passado a represa do Guarapiranga tinha 81,7% de água.


SUGESTÕES DE PAUTA: reportagem@gruposulnews.com.br

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