Segundo o vereador Gilberto Natalini, funcionários da empresa Construcap participaram de Fóruns Temáticos e Audiências Públicas como se fossem usuários do parque, o que compromete o processo de concessão
A concessão à iniciativa privada do Parque Ibirapuera tem mais um capítulo: uma suposta fraude nos Fóruns Temáticos e Audiências Públicas realizadas para discutir, entre a Prefeitura e os usuários do parque, o futuro plano diretor que norteia as regras de funcionamento do Ibirapuera, após a concessão.
A fraude acontece porque, segundo o vereador Gilberto Natalini (PV), os “usuários” do parque que compareceram aos encontros eram, na verdade, funcionários da empresa Construcap, que venceu o edital e vai gerir o Ibirapuera.
Segundo o vereador, a postura da empresa em “infiltrar” seus funcionários nos encontros, compromete o processo de concessão. “A participação popular que deveria nortear a elaboração do Plano Diretor sobre a concessão de 35 anos foi burlada. Ao todo, 45,36% dos participantes dos ‘encontros’ e ‘oficinas’ pertenciam aos quadros da Construcap, mas se disseram ‘usuários’ ou ‘frequentadores’ do Parque Ibirapuera. Ao todo 83 funcionários da empresa participaram das reuniões ‘populares’ que embasariam o Plano Diretor”, informa documento publicado em seu site.
O porta vez da Construcap, Samuel Lloyd, alegou que a empresa “participou de todos os encontros promovidos pela Prefeitura de forma legítima. As pessoas que foram assistir à audiência pública não necessariamente se pronunciaram, mas em todos os momentos em que se manifestavam isso era feito de forma declarada. Todas as manifestações foram feitas por mim, de forma oficial, como porta-voz da empresa. Independente de na lista de presença ter assinado como usuário. Em todas as reuniões fui registrado nas atas como porta-voz da Construcap. Estava muito claro”, disse.
No dia 4 de outubro, uma audiência pública foi realizada para liberar a concessão, porém, não houve acordo entre as partes e agora cabe a Justiça a decisão se o contrato de concessão do Ibirapuera para a empresa Construcap será assinado ou não.
Os fóruns temáticos e audiências públicas foram realizados em agosto para discutir “O papel do Parque Urbano”, os “Serviços ecossistêmicos” e “A questão da água no Parque Ibirapuera”. O Plano Diretor do Ibirapuera foi determinado após um acordo entre a Prefeitura e o Ministério Público, que suspendeu a concessão em março, alegando que “o interesse ambiental (…) tornou-se secundário em relação à política de privatizações”.
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É meio absurdo entregarem o Ibirapuera por 35 anos (!!!) a uma empresa. Os próximos oito ou nove prefeitos não vão poder fazer nada de diferente, se tiverem uma proposta melhor. E ainda nesse processo meio apressado. O Ibrapuera e a população de São Paulo mereciam melhor atenção.
A Construcap está escondendo o jogo. Como a empresa pretende saltar a arrecadação do parque dos atuais $2 milhões/ano para mais de $170 milhões é um mistério. Mas a sociedade paulistana tem o direito de saber.