Em dois anos, cresce o número de denúncias de abuso de autoridade policial em SP

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O caso de abuso de autoridade mais recente, na Zona Sul, aconteceu no Capão Redondo, quando um homem foi agredido por cinco PMs. O Governo alega que, além do afastamento das ruas, PMs precisam ser “retreinados”


De acordo com registros da Corregedoria da PM, entre 2017 e 2019, cresceu 74% o número de denúncias contra policiais militares do Estado de São Paulo que cometeram abuso de autoridade. Foram 39 denúncias em 2017, 50 em 2018 e 68 até o dia 17 de dezembro do ano passado.

Já o número de lesões corporais caiu nos últimos dois anos: de 115 casos em 2018 para 105 em 2019. As ocorrências, no entanto, ainda são altas se comparadas a 2017, ano em que foram registrados 64 casos de lesão corporal.

O caso de abuso de autoridade mais recente, na Zona Sul, aconteceu no Capão Redondo. Um homem é abordado por cinco policiais militares da Rocam, a Ronda Ostensiva com Apoio de Motos, e agredido com socos e joelhadas. A justificativa para a agressão é que o homem circulava de moto sem capacete.

As imagens da agressão tem circulado nas redes sociais desde o dia 20 de janeiro. Ao perceber que estão sendo filmados, um dos policiais saca a arma e aponta para o autor do vídeo, que encerra a filmagem.

No último domingo (26), na Zona Leste, aconteceu outro caso de abuso: um policial militar atirou contra um homem que estava há 10 metros de distância. Um vídeo, que também circula nas redes sociais, mostra o policial dizendo “amanhã vou preso, para mim tanto faz”. A vítima está internada, em estado grave, com a bala alojada a três centímetros do coração.

A Corregedoria da PM afastou os policiais envolvidos nas duas ações. “Mais um caso grave de abuso ocorrido na periferia de São Paulo que exemplifica a crescente violência policial”, disse Ariel de Castro Alves, integrante do conselho de Direitos Humanos do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe).

O governador João Doria classificou as ações como equívoco, defendeu que a PM não está mais violenta e propôs, além do afastamento, que os PMs sejam “retreinados”. “Primeiro, que a polícia não está mais violenta. Ela está mais atuante. Mais eficiência, mais presença nas ruas e também mais policiais. A responsabilidade do governo do estado de São Paulo é primeiro identificar de forma correta a existência do abuso, em que nível foi e estabelecer a punição e o retreinamento também dos demais policiais. Toda situação de equívoco permite um novo treinamento”, disse.


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