O elevado índice de partos cesária em Moema, Santo Amaro e Itaim Bibi ultrapassa a recomendação da Organização Mundial de Saúde para que apenas de 10% a 15% das mulheres façam partos cesárea, e apenas em caso de necessidade
Apesar da Organização Mundial de Saúde (OMS) recomendar que apenas de 10% a 15% das mulheres façam partos cesárea, e caso haja necessidade, alguns bairros da Zona Sul de São Paulo têm índices elevados deste tipo de parto.
Segundo o Mapa da Desigualdade da Primeira Infância 2020, lançado pela Rede Nossa São Paulo, bairros nobres da Zona Sul têm o percentual mais alto de partos cesáreos: 69,7% em Santo Amaro e Moema e 68,8% no Itaim Bibi.
Por outro lado, bairros da periferia têm os menores índices, ainda que ultrapassem a recomendação da OMS: 37% em Parelheiros, 38,5% no Jardim Ângela, 39,5% em Marsilac e 40,8% no Grajaú.
“O parto cesariano é um avanço importante da medicina, que pode salvar a vida de gestantes e bebês. Porém, no Brasil, é realizado de maneira indiscriminada, sem considerar os riscos e prejuízos que um parto cesariano sem indicação médica pode causar para parturientes e crianças. O Brasil é o segundo no ranking mundial de partos cirúrgicos, com 55% – na rede privada, esse índice chega a 84%”, informa a Rede Nossa São Paulo.
Um estudo publicado em 2018 na revista científica Lancet, do Reino Unido, revela detalhes sobre a faixa de renda e educação das mulheres que realizam cesáreas: no Brasil, a maioria delas (54,4%) tem elevado nível educacional, enquanto 19,4% tem menos renda e escolaridade mais baixa.
Em agosto do ano passado, o Governo de SP sancionou um projeto de lei que permite, a partir da 39ª semana de gravidez, que as mulheres gestantes escolham pelo parto cesárea, nos hospitais públicos do Sistema Único de Saúde (SUS), mesmo contra a indicação médica.
Apesar da aprovação, o próprio governador indica o parto normal. “O ideal é que, tanto quanto possível, o parto seja natural, comprovadamente melhor para mãe e bebê”, disse o governador João Doria.
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