Entregadores de apps iniciam protesto na Zona Sul para pedir melhores condições de trabalho à categoria

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Motociclistas reclamam das altas taxas cobradas pelas empresas e querem equipamentos de segurança para trabalhar durante a pandemia da Covid-19. Além disso, pedem seguro de vida, roubo ou furto, já que muitos motoboys correm risco com o aumento dos acidentes de trânsito


Na última terça-feira (14), 1.500 motociclistas que fazem entrega de comida para aplicativos fizeram um novo protesto reivindicando melhorias para o trabalho da categoria. O protesto teve início no Brooklin, na sede do Sindicato dos Mensageiros Motociclistas, Ciclistas e Mototaxistas do Estado de São Paulo (SINDIMOTOSP).

Além da manifestação, representantes do SINDIMOTOSP se reuniram com a Vice-Presidência do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região e com as empresas dos aplicativos Uber Eats, iFood, Loggi, Rappi e Lalamove.

“A discussão invocava melhores condições sanitárias e de trabalho para a categoria, em decorrência principalmente do momento pandêmico, que impulsionou as demandas de trabalho exaustivas sem aumento de remuneração por km/rodado, assim como o aumento dos acidentes de trânsito, levando muitos motoboys a mutilações e risco de morte, entre outros problemas”, afirmou o Sindicato. A reunião, no entanto, não foi finalizada devido a problemas na internet do local. Uma nova reunião deve ser marcada para os próximos dias.

No trajeto até o Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, os motociclistas pararam na Câmara dos Vereadores, no centro da capital, para entregar um ofício com reinvindicações e pedir uma audiência com os vereadores para discutir o Projeto de Lei 578 que responsabiliza as empresas de apps a terem comprometimento com os motociclistas/ciclistas cadastrados em suas plataformas.

Essa não é, porém, a primeira manifestação da categoria: no dia 1º de julho, motociclistas de todo o Brasil pararam os serviços durante todo o dia e fizeram protestos em diversas cidades do país. Centenas de clientes também apoiaram a causa e não fizeram pedidos neste dia.

O Governo de São Paulo acatou propostas da Procuradoria do Ministério Público de SP e estabeleceu algumas regras para os entregadores de comida seguirem durante a pandemia da Covid-19.

“Como esses trabalhadores não têm direito nenhum, eles não têm nada de garantias, a importância dessa portaria vem sinalizando aí uma necessidade dessas empresas também de serem responsáveis por um grupo de direitos. Porque eles estão fazendo esse serviço, as empresas também estão recebendo com isso, e também a população em geral não pode ficar correndo risco”, afirmou Clarissa Ribeiro Schinestsck, Procuradora do Ministério Público do Trabalho.

Sendo assim, as empresas para quem os entregadores prestam serviço devem fornecer um kit com álcool gel 70%, um frasco com água e sabão, toalhas de papel e máscaras para serem trocadas a cada três horas. Os entregadores que tiverem sintomas da Covid-19 devem ficar em casa por 14 dias e só podem retornar ao trabalho sob liberação médica.

A empresa Loggi informou que “está sempre aberta ao diálogo com entidades públicas e privadas que permeiam os setores de logística, tecnologia, entregas e afins”.

O iFood disse que pediu o adiamento da reunião “a fim de viabilizar uma tentativa de diálogo prévio com as outras empresas envolvidas e eventualmente apresentar posicionamento conjunto do setor aos temas trazidos pelo Sindimoto-SP.

Já a Rappi afirmou que “está à disposição das autoridades para participar das discussões legais sobre o setor de forma a aprimorá-lo ainda mais”.

ACIDENTES DE TRÂNSITO

No mês de maio, o número de acidentes de trânsito caiu 21% no Estado de São Paulo, se comparado ao mesmo mês do ano passado. Porém, houve aumento dos acidentes entre os motociclistas, de acordo com o Instituto Sou da Paz, que utilizou dados do Governo de SP.

Em maio de 2019, foram 487 acidentes violentos de trânsito e, este ano, foram 387 acidentes com vítimas fatais. No período da quarentena, a taxa de mortalidade foi 2,9% superior a maio do ano passado.

Em apenas um ano, houve aumento de 7% na quantidade de motociclistas que morreram no trânsito: foram 167 em maio do ano passado e 179 em maio deste ano. “Se houve uma categoria que passou a circular mais pelas cidades e áreas urbanas foram os motociclistas, os entregadores. O aumento da demanda pelos motofretistas em uma cidade vazia, tende a um aumento da velocidade e então, é possível entender o aumento da mortalidade desse perfil”, explica Carolina Ricardo, do Instituto Sou da Paz.


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