Zona Sul reivindica um centro de tratamento para autistas

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Subprefeita de Santo Amaro, Thamyris Nagell (esquerda), apoiou fórum projetado pela Vereadora Janaína Lima (direita), com importante participação da Secretária de Pessoa Com Deficiência, Sílvia Grecco (centro)

Proposta foi feita no Fórum de Saúde da Zona Sul para criação de um Centro de Tratamento para Transtorno o Espectro Autista


O primeiro Fórum de Saúde da Zona Sul, realizado no último sábado (2), no Teatro Paulo Eiró, em Santo Amaro, contou com a presença de especialistas, médicos, psicólogos, representantes da administração municipal e principalmente de mães de autistas.

Os trabalhos produzidos nas mesas temáticas destacaram a importância do tema, com debates relevantes, depoimentos importantes e emocionantes e, ao término do evento, foi elaborado um documento oficial com sugestões e reivindicações que serão encaminhadas ao prefeito Ricardo Nunes. Uma unanimidade no Fórum foi a proposta de se criar em São Paulo um Centro de Tratamento do TEA – Transtorno do Espectro Autista.

A proposta de realização do Fórum de Saúde da Zona Sul foi da vereadora Janaína Lima (MDB), que contou com a presença das secretarias da Saúde, da Pessoa com Deficiência, Cultura, Esportes e da Subprefeitura de Santo Amaro e de mais 300 participantes, entre autoridades municipais, especialistas de área médica, representantes de ONGs e mães atípicas (denominação utilizada para se referir a mães que possuem filhos com alguma deficiência ou síndrome rara).

Representantes das secretarias de Saúde, Assistente Social e Cultura, do CRAS mostraram as várias formas de atendimento para Transtorno do Espectro Autista.

Coube aos secretários municipais informarem ao público o tipo de atendimento que cada Secretaria dispõe para autistas. A Secretária da Pessoa com Deficiência, Silvia Grecco, destacou a importância de se trabalhar o tema, de criar o primeiro centro de TEA para pessoas com autismo e que seja um centro de referência no mundo. Ela falou da interação da sua secretaria com as demais e de estar sempre presente nos eventos e trabalhos da Zona Sul.

Marcos Ferreira, mestre em educação física e Dr. Em Ciência Esportivas, da Secretaria de Esportes, apresentou os 46 centros esportivos pela cidade e citou o CBDI – Confederação Brasileira de para Deficientes Intelectuais que dispõe de um projeto que dura 12 meses com aulas, treinos, clínicas e festivais. Da mesma forma, representantes das secretarias de Saúde, Assistente Social e Cultura, do CRAS mostraram as várias formas de atendimento para Transtorno do Espectro Autista, em seguida à manifestação da ex-vice-presidente do Conselho Municipal de Assistência Social – Comas-SP.

A parte técnica do evento ficou a cargo do Dr. Abraham Topczwski e do Psicólogo Eric Cupertino. Ambos trataram do tema ABA (Applied Bahavior Analysis) Análise do Comportamento Aplicado.

Dr. Abraham Topczwski – neurologista da Infância e Adolescência do Hospital Albert Einstein abordou o tema do ponto de vista médico, utilizando slides para mostrar tratamento, consequências, aspectos do TEA. “O transtorno do espectro autista é uma neuro disfunção cerebral e que causa problemas de comunicação, problemas sociais e problemas de outra ordem, principalmente de aprendizado”, explicou, apontando que são cerca de 2,3% da população mundial, cerca de 4,5 milhões no Brasil, mais de 400 mil em São Paulo.

Além disso, somente 20% das pessoas no espectro autista são consideradas absolutamente independentes, sendo os outros parcialmente ou totalmente dependentes de familiares ou responsáveis. “Isso tem uma repercussão, uma dificuldade enorme para esses portadores terem uma educação adequada na família, porque [primeiro] já é o impacto pra família o diagnóstico, pois não é essa criança que era idealizada ou esperada, não foi pra essa criança que se fez um planejamento enorme. Segunda coisa, repercussão nas relações que não têm uma relação social adequada, eles se afastam, não ficam juntos, muitas vezes são rejeitados, mas muitas vezes eles se rejeitam”, completou o Dr. Abram, alertando sobre medicamentos e destacando a importância da aplicação de Canabidiol nos tratamentos.

Já o psicólogo Eric Cupertino usou a sua experiência em acompanhamento terapêutico de adolescentes diagnosticados com TEA no ambiente escolar para tratar do tema. “A gente tem que levar em consideração que as pessoas dentro do espectro autista também são seres humanos que tem vontades próprias, que tÊm sentimentos e emoções, e que naquele momento, naquele dia específico, ele não estava tão bem ou tão de bom humor para receber o seu tratamento ou ensino que você quis produzir. Precisamos ouvir o outro, saber ouvir essa pessoa autista para que você possa desenvolver ela de uma forma motivadora, prazerosa, sem que aquele momento seja aversivo para aquela criança”, discursou Eric, finalizando com a frase” O excelente profissional é o que se faz desnecessário, para que o indivíduo autista não se torne dependente”.

No encerramento, a líder comunitária Maria Lourdes de Oliveira promoveu com o público presente a aprovação dos itens que comporão o documento oficial a ser entregue ao prefeito Ricardo Nunes.

A vereadora Janaína Lima, ao lado da subprefeita de Santo Amaro, Thamyris Nagell, agradeceu a presença das autoridades, dos especialistas do público e das mães, destacando a excelência dos trabalhos, o avanço na proposta da criação do Centro de Referência em Tratamento do TEA em Santo Amaro e reforçando a tese de que o portador de deficiência não deve ser apenas protegido pela família, mas que deve ganhar (independência) asas. E finalizou: “Cabe ao poder público apoiar as ações para uma melhor qualidade de vida para todos”.


SUGESTÕES DE PAUTA: reportagem@gruposulnews.com.br

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