Se na Fase 0 do Inquérito Sorológico feito pela Prefeitura a Zona Sul obteve a menor taxa de prevalência entre todas as regiões, agora na Fase 1 a situação se inverteu: a Zona Sul garantiu a maior taxa de prevalência (11%), ultrapassando a taxa geral da cidade de São Paulo na quantidade de pessoas que já foram infectadas pelo coronavírus
Os resultados da Fase 1 do Inquérito Sorológico feito pela Prefeitura, para conhecer a real letalidade da Covid-19, mostram que a cidade de São Paulo tem uma taxa de prevalência de 9,8% para a doença. Assim, estima-se que 1,2 milhão de pessoas já tiveram contato com o vírus, ou seja, já adquiriram anticorpos da doença.
A primeira parte do Inquérito, divulgada em 23 de junho, já havia mostrado uma grande subnotificação na capital: na época, os números oficiais apontavam 118 mil infectados, mas a pesquisa revelou que 1.16 milhão tiveram a doença. Daquela vez, 9,5% da população já tinha sido infectada.
Participaram da pesquisa, 2.864 pessoas sorteadas nos 96 distritos da cidade. O exame utilizado na pesquisa identifica os casos já passados da doença e não quem está infectado atualmente. Assim é possível monitorar a quantidade de pessoas que já tiveram contato com o vírus.
Se na Fase 0 do Inquérito Sorológico a Zona Sul obteve a menor taxa de prevalência entre todas as regiões, agora na Fase 1 a situação se inverteu: a Zona Sul garantiu a maior taxa de prevalência (11%), ultrapassando a taxa geral da cidade de São Paulo.
Compilando os dados da Fase 0 e da Fase 1, de quem já foi infectado pela Covid-19, a Prefeitura apurou que os principais fatores de risco para contágio são pobreza e maior vulnerabilidade: menor escolaridade, menor renda, maior número de moradores no domicílio.
“Um dos dados que o inquérito mostra é que a taxa é três vezes maior na Classe E do que na Classe A. O vírus jogou luz na desigualdade social que nós temos na cidade”, disse o prefeito Bruno Covas.
A cidade de São Paulo tem 14 áreas com maior número de casos e quatro delas são na Zona Sul: Cidade Ademar, Jardim São Luís, Campo Limpo e Capão Redondo.
A nova estratégia de combate da Prefeitura, que começa na próxima segunda-feira (13), é testar pelo menos 5 pessoas que moram na mesma casa de quem testou positivo para a doença. O morador, mesmo assintomático, vai receber atestado médico para ficar em casa. Os que forem trabalhadores informais receberão cestas básicas.
“A medida terá impacto importante no controle da disseminação da doença nas áreas mais vulneráveis, dando equidade a atenção à saúde. Essas áreas serão atualizadas quinzenalmente, de acordo com cada fase do inquérito. Hoje a cidade faz, em média, cinco mil testes por dia. Os testes serão ampliados com um acréscimo de 242 mil testes por mês”, informou a Prefeitura.
COVID-19 NA PERIFERIA
De acordo com o estudo “SoroEpi MSP” realizado pelo Grupo Fleury, Instituto Semeia, IBOPE Inteligência e Todos Pela Saúde, na cidade de São Paulo, a Covid-19 está 2,5 vezes mais presente na periferia do que em bairros nobres.
Se em bairros nobres 6,5% das pessoas já tiveram contato com o vírus, nos bairros periféricos esse índice é de 16%. Pela média, o estudo mostra que 11% dos moradores da capital já tem anticorpos para a doença.
Entre brancos e negros também há uma grande diferença na taxa de prevalência do vírus: 19,7% dos que se identificam como pretos já tiveram contato com a Covid-19 e 7,9% da população branca já teve a doença.
Até o dia 29 de junho, a Zona Sul da capital paulista registrou 2.595 mortes (confirmadas e suspeitas): foram 9 mortes em Marsilac, 39 no Socorro, 72 em Moema, 90 no Campo Belo, 91 em Santo Amaro, 94 no Campo Grande, 100 no Itaim Bibi, 103 em Pedreira, 121 em Parelheiros, 158 no Campo Limpo, 178 em Cidade Dutra, 223 no Jabaquara, 250 na Cidade Ademar, 250 no Jardim São Luís, 259 no Capão Redondo, 268 no Jardim Ângela e 290 no Grajaú.
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