Criadores de conteúdo para as mídias digitais são para muitos uma das principais fontes de informação, a criadora de conteúdo, social media, advogada e geek de coração, Giovanna Coelho Pagano, nos conta sobre como é trabalhar na área
Na gênesis do cyberespaço como conhecemos hoje, nem sempre era muito fácil encontrar conteúdos sobre assuntos de seu interesse, algumas coisas careciam de melhores conteúdos. Nessa sopa primordial da propagação de conteúdo, as coisas foram evoluindo até virarem um sério trabalho, que exige uma produção cada vez mais precisa, e agora, temos uma imensa variedade de temas abordados por diversos profissionais da área.
Para quem sempre foi fã do universo geek, é difícil imaginar como seria manter-se atualizado sobre ele sem as mídias que temos hoje, que acabam nos transmitindo mais conteúdos do que somos capazes de consumir. Não que não fosse interessante uma volta nostálgica das revistas sobre games, animes e nerdices em geral, mas a comunicação hoje dia acontece de maneira muito rápida. Além disso, não basta simplesmente transmitir a informação, é preciso saber bem como transmiti-la. Por isso, vamos entender mais sobre esta arte com a apresentadora, social media, advogada e especialista no universo geek, Giovanna Coelho Pagano, também conhecida como Gio.
Sua introdução ao mundo geek começou quando era bem nova, começou com TV Globinho, e obras como de Harry Potter e Pokémon, foi indo para outras como Jogos Vorazes, Divergente, Senhor do Anéis, animes e diversas outras coisas. Com o tempo foi virando uma expert nesse universo.
“Como falava bastante sobre o assunto na faculdade, meus colegas perguntaram por que não tinha página de conteúdo. Na época a Marvel estava super em alta, então em outubro de 2019 decidi criar uma página no Instagram e o canal no YouTube Uma Geek Me Disse. Estava fazendo uma coisa que não gostava muito, que era direito, e decidi criar uma página falando sobre coisas que gostava”, conta Gio.
Como funciona?
A criadora de conteúdo afirma que é um desafio para qualquer pessoa começar algo do zero, dar a cara a tapa, e depende muito do quanto a pessoa está disposta a gravar vídeos. “Muita gente diz não ter coragem de começar a gravar. É um desafio pois querendo ou não, no início, você está falando com cerca de 10 pessoas, às vezes até menos. Então é inevitável esse sentimento de que você está falando sozinho. Mas é importante você pensar que não está, tem alguém ouvindo, alguém escutando. Para aliviar este desafio, comece com uma base como a família e amigos, assim você se sente um pouco mais escutado. Você se sente desmotivado muitas vezes, não só no início, às vezes depois também, mas se você tem esse apoio fica muito mais fácil”, recomenda.
Todo o trabalho é feito por ela mesma. Conteúdo, escrita, desenvolvimento, edição e tudo que envolve o processo de produção é feito unicamente por ela. Trabalhar com a criação de vídeos e outros tipos de materiais digitais em muitos casos não é o tipo de coisa que vale a pena dividir tarefas para facilitar e agilizar, pois o tempo que o criador passaria na edição para deixar o conteúdo exatamente como pretende, seria o mesmo que passaria produzindo ele mesmo.
O critério na escolha do conteúdo a ser produzido é diariamente um dilema entre querer falar sobre um assunto de sua preferência, no qual muitas vezes não está em alta mas pode valer a pena, ou se faz mais sentido falar sobre assuntos mais comentados, mesmo não sendo o que mais a agrada.
Para Gio é muito uma questão de humor, percepção do momento atual e timming. Sem contar que devido à velocidade com que as coisas acontecem, nem sempre é possível ter tempo o suficiente para acompanhar todas as obras lançadas. Uma estratégia utilizada por ela é falar sobre coisas antigas porém atemporais, vinculando a coisas novas, o que pode trazer mais visibilidade.
“Tem coisas que é preciso tentar entender o timming, você tem que pensar se vale a pena criar conteúdo de algo sabendo que vai entrar no hype e futuramente virar uma referência, pois você terá sido o único canal falando sobre o assunto. No entanto, mais para frente você não terá tanto conteúdo sobre ele. Já aconteceu de, quando decidi criar conteúdo sobre algo que esperei bombar, vi que peguei o bonde andando pois todos já tinham produzido conteúdo sobre o tema”, explica a criadora de conteúdo.
O que mais consome e aborda no momento são animes, eles têm a vantagem de geralmente serem mais curtos, é melhor de se comprometer do que com uma série por exemplo, é algo mais maçante pois não é algo tão descontraído e os episódios levam em média uma hora, demandando bem mais tempo e trabalho.
“A rotina é puxada, além de produtora de conteúdo, trabalho na Iron Studios, passo o dia inteiro fora de casa e crio conteúdos nesse meio tempo”, afirma.
Com a experiência adquirida com o tempo, novos macetes vão sendo descobertos e então os criadores aprendem a criar postagens de maneira mais rápida.
A criadora de Uma Geek Me Disse está com muitos planos para iniciar collabs (colaborações ou trabalho em conjunto), pois acredita que é a melhor maneira de crescer hoje em dia é se unindo com outros criadores de conteúdo, encontrando perfis que tenham uma visão parecida sobre determinado tema, ou mesmo diferente, propondo uma boa discussão e alcançado um público semelhante. Com sua formação em direito, poderia criar um conteúdo o relacionando com coisas distintas, tal como filmes e o mundo jurídico.
A “internerd” atual
A criadora de conteúdo acredita que a internet trouxe coisas muito boas, como ter aberto muitas portas, todos poderem ser criadores de conteúdo, pessoas mais antenadas, possibilidade de abertura profissional não só para criadores, mas para pequenos empresários, dentre outras vantagens. Mas ao mesmo tempo, sente das redes sociais uma valorização pelo conteúdo imediatista. “A geração nova não é a geração que recebe informação, nós somos a geração que procura informação, estamos a todo momento indo em busca dela. Acredito que estamos começando a ficar em um período meio crítico, no qual as pessoas estão começando a ficar muito extremas na questão de imediatismo. As redes sociais estão priorizando essa questão, as pessoas mal têm paciência de assistir vídeos longos e com calma”, reflete Giovanna. “Então mesmo com todas essas coisas boas, acho que temos que tomar cuidado com todos esses avanços, ver o quão líquidas as coisas estão e o quão imediatistas as pessoas estão ficando”, completa.
Encontre sua paixão
Gio passou de uma profissão na qual não se identificava para uma na qual trabalha com o que mais ama. Ela acredita que isso é possível para todas as pessoas, pois muitas ainda não encontraram algo no qual seriam apaixonadas em fazer, mesmo que tenham formação em outra área, por isso nos deixa a reflexão: “Sou uma pessoa formada na área de direito, hoje em dia sou criadora de conteúdo, trabalho em uma empresa de colecionáveis que faz os produtos das obras que mais sou apaixonada no mundo. Não é papo de coach ou coisa do tipo, até porque para eu sair tive 100% de certeza que já estava firmada em outra área. Até o último segundo continuei trabalhando em direito, mas nunca é tarde para você achar um novo trabalho, nunca é tarde para você achar uma nova paixão, um novo hobby. Muitos acham que a vida acaba aos 20, eu graças a Deus acabei pegando bem cedo essa oportunidade de mudar, mas não acho que está errado ou diferente alguém achar essa oportunidade aos 30, 40, 50… deixem essa ideia morrer de que ‘Eu escolhi essa área então é isso que tenho que fazer para o resto da vida. Fiz 5 anos de faculdade então é isso que tenho que fazer’ não, muitas vezes é muito pelo contrário, lido com pessoas hoje que trabalham com criação de conteúdo e são formadas em Biologia Marinha.
É tirar um pouco dessa racionalidade em excesso, pensava muito que teria que viver em um emprego que não era apaixonada, em uma vida que vivia pelo fim de semana, e na verdade hoje em dia gosto mais dos meus dias de semana. Nunca imaginei que isso aconteceria mas acabei me permitindo acreditar, então acho que se aconteceu comigo pode acontecer com qualquer pessoa”, aconselha Gio.
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