Desenvolvida em parceria com a UFRJ, nova edição discute relação entre o teatro e as universidades brasileiras
A Revista de Teatro da Sbat (Sociedade Brasileira de Autores Teatrais) está de volta. Prestes a completar 100 anos de história, a publicação é a mais antiga revista especializada em teatro do país e volta a circular este mês em formato virtual e impresso.
Com 530 números publicados entre 1924 e 2012, a revista terá suas duas próximas edições com foco na relação entre teatro e universidade. “Apesar de marcar a história do teatro brasileiro do século XX, essa ligação ainda é desconhecida por muita gente, em especial pelas novas gerações de autores, atores, atrizes e produtores da cena teatral do país”, observa Vera Novello, coordenadora editorial da revista.
“A Revista da Sbat já passou por muitas fases diferentes, mas que mostram sempre um traço em comum: o protagonismo no debate das questões envolvendo o teatro, seus processos criativos, teóricos e políticos. Dessa vez vamos discutir as relações e o impacto da pesquisa acadêmica na cena contemporânea e vice-versa”, explica Carmem Gadelha, que é editora da revista, além de pesquisadora e professora do curso de Direção Teatral e do Programa de Pós-Graduação em Artes da Cena (PPGAC) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Parceria com a UFRJ
O retorno da revista é fruto de uma parceria entre a Sbat e o PPGAC da Escola de Comunicação da UFRJ. A iniciativa faz parte do Sbat em Cena, projeto de revitalização e ressignificação da Sbat, criado em 2022.
“O retorno da Revista é um passo muito importante na direção dessa ressignificação que buscamos para a Sbat. A publicação é uma referência e nosso objetivo é recolocar a Sbat neste lugar de protagonismo na defesa dos direitos autorais no campo teatral”, diz Gillray Coutinho, um dos membros da coordenação provisória da sociedade.
Sobre a edição
A edição 531, que marca o retorno da publicação após 11 anos, já está disponível no site oficial da Sbat. São dez conteúdos inéditos, como entrevistas, ensaios, artigos acadêmicos e uma peça completa, contemplando as diferentes possibilidades para pensar as conexões entre o teatro e a produção acadêmica.
A jornalista Regina Zappa entrevistou os pesquisadores Gabriela Lírio e Daniel Marques, pesquisadores e professores do PPGAC/UFRJ, sobre a expansão dos Programas de Graduação e Pós-Graduação em Artes da Cena nas universidades brasileiras, mostrando a fertilidade da pesquisa teatral, mesmo em um contexto recente de desvalorização da cultura e educação.
Os jornalistas Daniel Schenker e Vera Novello escrevem sobre movimentos teatrais no Brasil do século XX, ligados à universidade.
A jornalista e atriz Cilene Guedes mostra o crescente movimento de profissionais de artes cênicas em direção às universidades. A pesquisadora da UNIRIO, Tania Brandão, discute as relações entre a teoria acadêmica e a prática dos palcos, suas inquietações e potências para o teatro brasileiro atual.
Os pesquisadores da UFRJ Carmem Gadelha e Marcos Marinho apontam para as conquistas e dificuldades enfrentadas pela universidade nos últimos anos – em especial nos cursos voltados para a formação teatral. A revista conta ainda com ensaios das pesquisadoras Rúbia Sousa da Silva e Érika Neves, da UFRJ, que debatem performatividade e teatro digital na arte cênica contemporânea, respectivamente.
No encarte, o volume 531 traz ainda a peça Grau zero, de Diogo Liberano, ex-aluno do PPGAC. A prática de publicar um texto teatral a cada edição é tradição da Revista e faz dela uma das maiores editoras de peças teatrais no país.
Sbat em Cena
Sbat em Cena é o projeto de revitalização e ressignificação da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais (Sbat), desenvolvido em parceria com a UFRJ, acadêmicos e colaboradores de diferentes áreas de conhecimento. A iniciativa foi possibilitada por emendas parlamentares provenientes de deputados federais.
O projeto reúne um conjunto de ações que buscam modernizar e fortalecer a instituição, que há mais de 100 anos atua como referência na defesa dos direitos autorais de autores, encenadores, coreógrafos, cenógrafos e atores de teatro, assim como de outros criadores no campo das artes cênicas e literatura, como romancistas e poetas.
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