Criada por ativistas do movimento negro, professores e educadores populares, a UNEafro se organiza em núcleos de educação popular que mantém ações sociais permanentes nas periferias
A Rede de Cursinhos Comunitários da Uneafro está ampliando sua atuação em 2019 para atender 32 comunidades em São Paulo e Rio de Janeiro. Os cursos, gratuitos, têm o objetivo de preparar jovens de baixa renda para os exames vestibulares e Enem, para o ingresso no ensino superior, e para concursos. As aulas acontecem em espaços comunitários com professores voluntários comprometidos com causas sociais.
Criada em 2009 por ativistas do movimento negro, professores e educadores populares, a UNEafro é um movimento que se organiza em núcleos de educação popular que mantém ações sociais permanentes nas periferias. O trabalho mais conhecido são os cursinhos pré-vestibulares para jovens e adultos oriundos de escolas públicas, prioritariamente negras/os que sonham com o ensino superior, e querem preparar-se para o ENEM ou Concursos Públicos.
Em 10 anos de atuação, a Uneafro já atendeu mais de 15 mil estudantes e centenas chegaram às universidades. Outros foram aprovados em concursos e alcançaram novas oportunidades de trabalho e renda. “Nas periferias e favelas de todo o Brasil, nossa juventude precisa estudar, fazer faculdade, se qualificar para arrumar emprego, ajudar a família e evitar a violência da polícia. É também por meio da educação que desempregados podem se requalificar e mulheres podem gerar renda própria, alcançar a independência e se livrar da violência doméstica. Aqui, pessoas LGBTs que sofrem muito preconceito na trajetória escolar são acolhidas e apoiadas na luta por direitos e pela vida” afirma o professor de História, Douglas Belchior, fundador da Uneafro.
Jovens de baixa renda no ensino superior
Menos de 20% do total de jovens brasileiros entre 18 e 24 anos estão na faculdade. Contando apenas os jovens negros, só 12,8% cursam ensino superior. Entre os jovens brancos o índice é de 26,5% (IBGE). Dados do Censo do Ensino Superior de 2017 (Inep – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) apontam um aumento do número de matrículas de estudantes negros em cursos de graduação nos últimos cinco anos. É uma grande diferença, ainda que o acesso de negros aos bancos universitários tenha triplicado nos últimos anos. Em 2011, do total de 8 milhões de matrículas, 11% foram feitas por alunos pretos ou pardos. Em 2016, o percentual de negros matriculados subiu para 30%.