Pela segunda vez, o governador João Doria prorrogou a quarentena para estimular o isolamento social e o colapso do sistema público de saúde. A meta é que 70% da população fique em casa para que não falte leitos nos hospitais
A quarentena no Estado de São Paulo ainda não acabou mas o governador João Doria já estendeu o isolamento pela segunda vez: agora toda a população deve ficar em casa até o dia 10 de maio. A primeira prorrogação terminaria na próxima quarta-feira (22).
“A atitude responsável do Governo do Estado de São Paulo é pela prorrogação desta quarentena e evitar o colapso no atendimento da saúde pública e privada. São Paulo acredita na ciência e nos médicos. Para reabrir o comércio e os serviços, nós precisamos controlar melhor a contaminação e ter o sistema de saúde em condições de atendimento para salvar vidas”, disse Doria.
Sendo assim, comércios não essenciais e escolas continuam fechados para evitar aglomeração de pessoas. A prorrogação da quarentena foi uma decisão dos especialistas da saúde que trabalham no Centro de Contingência do coronavírus em São Paulo. “Nós estudamos todos os cenários todos os dias, desde o primeiro dia. O vírus é invisível. As pessoas tem a falsa impressão que ele não acontece na sua cidade. E não é assim que funciona. Nós não estamos inventando nada, nós estamos tendo a oportunidade de aprender com quem nos antecedeu na pandemia. Eu fico surpreso que as pessoas não consigam entender o que já aconteceu. Olha a Itália. Nós estamos tendo a oportunidade em nos antecipar. Não tem novidade, está acontecendo uma curva de ascensão menor e isso é graças as medidas que foram tomadas precocemente”, defendeu o infectologista David Uip.
O Governo defende um isolamento social de 70% da população para que não haja um colapso no sistema de saúde. Porém, os dados indicam que apenas 50% a 60% das pessoas estão seguindo as recomendações de ficar em casa. Na última quinta-feira (16), no entanto, o índice de isolamento caiu para 49%. “Se a taxa continuar baixa, o número de leitos disponíveis no sistema de saúde não será suficiente para atender a população”, informa o Governo.
A Prefeitura de São Paulo, com a proposta de evitar aglomerações, lançou um decreto que recomenda um horário alternativo de abertura do comércio essencial na capital: antes das 6h ou depois das 11h; inclusive comércios/serviços que realizem troca de turno dos funcionários.
Esse horário é indicado para: lavanderias, lojas de materiais de construção, oficinas mecânicas, borracharias, farmácias, lojas que vendem remédios e alimentos para animais, lojas que vendem artigos médicos, consultórios odontológicos e ortopédicos, serviços hospitalares, call center, hipermercados e supermercados, açougues, peixarias, hortifrutigranjeiros, quitandas e lojas que vendem água mineral.
O que segue funcionando na quarentena: Hospitais, clínicas, farmácias e clínicas odontológicas; Transporte público; Transportadoras e armazéns; Empresas de telemarketing; Petshops; Deliverys; Limpeza pública; Postos de combustível; Supermercados, mercados e padarias; Restaurantes (apenas em sistema delivery).
Estabelecimentos que seguem fechados: Cafés; Casas noturnas; Shopping centers e galerias; Academias e centros de ginástica; Espaços para festas, casamentos, shows e eventos; Escolas públicas ou privadas.
O fechamento do comércio, no entanto, tem refletido diretamente na economia. Segundo a Associação Comercial de São Paulo (ACSP), na primeira quinzena de abril houve uma queda média de 65,5% nas vendas do comércio paulistano, em comparação com o mesmo período do mês de março. A expectativa é uma retomada bem lenta na economia. Os restaurantes, por exemplo, passarão um tempo longe do movimento que tinham antes, até as pessoas puderem ou criarem disposição para voltar a consumir. Tudo depende da duração das medidas restritivas: quando o comércio reabrir, não é do dia para a noite que o movimento entrará no ritmo de antes”, disse Marcel Solimeo, economista da ACSP.
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