O luto é um processo que ocorre diante de uma perda importante pelo qual as pessoas passam pelo menos uma vez na vida. É um conjunto de reações emocionais, físicas, comportamentais e sociais, que decorre em função dessa perda. Muito associado à morte de um ente querido, ele também é atrelado a situações de vínculo efetivo, como a perda do emprego ou o fim de um relacionamento, por exemplo.
Esse processo, no entanto, pode se tornar um transtorno quando se estende por um longo período e causar uma dor constante, impedindo a pessoa de retomar suas atividades corriqueiras e fazendo com que ela se isole do convívio social, caracterizando-se pelo que os especialistas chamam de luto complicado, podendo ocasionar transtornos mentais mais sérios e até doenças de ordem física, como hipertensão, gastrite e problemas cardiovasculares.
Processo de superação
O Ministério da Saúde passou a considerar o luto prolongado um transtorno mental, em 2022, com Classificação Internacional de Doenças (CID-11) elaborada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Quando isso acontece, é necessário considerar suporte psicológico e psiquiátrico.
A Prefeitura de São Paulo oferece acolhimento, tratamento e reabilitação como parte da promoção da saúde a pessoas enlutadas que não conseguem superar sozinhas uma perda. As Coordenadorias Regionais de Saúde Leste, Oeste e Sul, da Secretaria Municipal da Saúde da capital, disponibilizam grupos para pessoas enlutadas em algumas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), com foco na superação da dor.
Os grupos são voltados para pessoas que estejam passando pelo processo de luto complicado e que precisam de acolhimento psicossocial. Para participar deles, é necessário passar por triagem, por meio dos profissionais das UBSs, que identificam as necessidades e fazem os direcionamentos para os grupos específicos. A localização de todos os equipamentos da capital pode ser consultada por meio da plataforma Busca Saúde.
Enlutando
A UBS Parque Santa Rita (que fica na Rua José Pessota, 80, Parque Santa Rita, na Zona Leste da capital) disponibiliza aos moradores da região o grupo Enlutando, para pacientes que sofreram com perdas e enfrentam dificuldades para retomarem às suas atividades. “O nome foi pensado dentro da ideia de lutar para elaborar o luto”, explica o psicólogo da UBS Eduardo Albuquerque da Silva, responsável pelo grupo.
“O Enlutando vem justamente com essa proposta de dar um espaço de escuta e de fala para essas pessoas. A ideia é que as pessoas possam falar das suas dores de uma forma muito mais abrangente em um espaço coletivo, para ter a oportunidade de escutar também o que outras pessoas sentem. O projeto vem se fortalecendo, crescendo e ganhando uma proporção muito significativa”, resume Silva. Os encontros do Enlutando acontecem semanalmente em grupos de até dez pessoas.
Impacto positivo
O psicólogo destaca que o grupo não se restringe a pacientes que sofreram com a perda de parentes. “Muita gente vive lutos em vários sentidos: com perda de emprego, bens, relações pessoais”, exemplifica.
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