São Paulo não é só concreto e os 111 parques da cidade, entre os urbanos e os naturais, são prova disso. Cerca de 24% da área total do município são de áreas verdes protegidas, o que corresponde a mais de 36 mil hectares, que resguardam os 30% de Mata Atlântica preservados na cidade.
Para aproximar a população deste cinturão verde do município, incentivar o ecoturismo e integrar as comunidades locais, a Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente (SVMA), planeja a implantação da Trilha Interparques, já chamada de “maior trilha da cidade”.
Com extensão de aproximadamente 170 km, o percurso interligará Unidades de Conservação municipais e outras Áreas Protegidas da zona sul da capital – incluindo parques naturais municipais, parques estaduais, represas, reservas particulares e áreas próximas a terras indígenas –, na região do Polo de Ecoturismo de Parelheiros, Marsilac e Ilha do Bororé, ainda pouco conhecida e visitada.
O projeto é liderado pela Divisão de Gestão de Unidades de Conservação (DGUC), da SVMA, por meio de um grupo de trabalho intersecretarial que envolve a Secretaria Municipal do Desenvolvimento Econômico e Trabalho e Turismo (SMDET), a Secretaria Municipal de Esportes (SME), a Secretaria Municipal de Mobilidade e Trânsito (SMMT), a Secretaria Municipal de Subprefeituras (SMSUB), a Secretaria Municipal de Segurança Urbana (SMSU) e a SP Turis.
Detalhes desse planejamento integrado foram apresentados recentemente no 1º Congresso Brasileiro de Trilhas, realizado entre os dias 25 e 29 de maio, em Goiânia. Estiveram no encontro a diretora da Divisão de Gestão de Unidades de Conservação (DGUC), Anita Martins, o coordenador dos Parques Naturais Municipais, Marcelo Freire Mendonça, e o diretor da Divisão de Gestão de Parques Urbanos (DGPU), Vinícius de Souza Almeida, que relataram melhor as etapas para a implantação da trilha.
No Congresso foram compartilhados com os participantes os pilares fundamentais para o desenvolvimento e estruturação de trilhas de longo curso: governança, sinalização padronizada e manejo, capacitação e normas de segurança, empreendedorismo, serviços de apoio ao turismo e marketing.
Os representantes da SVMA falaram sobre os levantamentos iniciais realizados pelos grupos técnicos que foram formados para tratar das diversas estruturas de apoio necessárias para a trilha: Comércio, Capacitação de Pessoal, Acesso Viário; Construção e Manutenção; Sinalização/Comunicação; e Mobilização/Gestão Compartilhada.
A partir desses estudos já foi determinada uma rota de orientação, ainda não definitiva, feita a partir de indicações de moradores, turistas e ciclistas, levantamentos pelo Google Earth e pesquisa de campo. A trilha terá início na Balsa da Ilha do Bororé – Grajaú passando pelos Parques Naturais Municipais Bororé, Varginha, Itaim e Jaceguava, em seguida passa pelo Parque Estadual Várzeas do Embu-Guaçu, PNM Cratera de Colônia, Parque Estadual da Serra do Mar Curucutu e, por fim, a Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN Curucutu, retornando para onde começou, a Balsa da Ilha Bororé Grajaú.
A implementação do trajeto, no entanto, é complexa, devido a necessidade de estudos ambientais, treinamentos de funcionários e capacitação de comerciantes, licitações, sinalização, entre outros aspectos, mas o interesse do público em busca de contato mais direto com natureza é notório e deve contar a favor para acelerar o processo.
“A importância dessa trilha para a Prefeitura de São Paulo é promover o polo de ecoturismo na região, dar mais visibilidade às áreas protegidas e às Unidades de Conservação, incluindo as APAs, Parques e à Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN. Tudo isso agregado ao desenvolvimento local com produtores locais, restaurantes, hotéis etc., beneficiando não só os visitantes como também os moradores da região. Queremos criar uma conexão nacional com órgãos e atores de outras trilhas existentes no Brasil, visando a troca de experiências, compartilhamento de metodologias e uma relação bastante orgânica e profícua com a Rede Brasileira de Trilhas”, comentou Anita Martins sobre o novo projeto.
Já o coordenador dos Parques Naturais Municipais, Marcelo Mendonça, falou sobre a expectativa para o projeto sair do papel: “Para que a Trilha Interparques realmente aconteça, é preciso a participação e cooperação de todos os atores envolvidos, em especial os moradores da região, que apoiando, planejando e compartilhando a gestão de toda a trilha, farão com que ela aconteça. Este é um movimento internacional que está sendo multiplicado nacionalmente, e nós aqui em São Paulo, estamos fazendo a nossa parte para contribuir para a implantação de trilhas de longo curso em todo território nacional, como pudemos ver no 1º Congresso Brasileiro de Trilhas que tivemos o prazer de representar nossa cidade”.
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