Comemoração reuniu ex-funcionários e ex-moradores do albergue Pousada Esperança, que foi fechado em março pela Prefeitura
Por: Luciana Paim
Com o intuito de reunir antigos moradores da Pousada Esperança, fechada em meados de março pela Prefeitura de São Paulo, o movimento Rede Rua realizou uma festa junina beneficente, no dia 10 de agosto.
Foram montadas barracas de cachorro quente, pipoca e canjica, o que trouxe um pouco de alento aos moradores de rua que perderam a vaga no albergue.
O Padre Arlindo Pereira Dias, que trabalha há muitos anos com moradores de rua, tanto no Brasil quanto em ações realizadas em vários países da Europa, contou que os voluntários do albergue reiniciaram o acompanhamento do zero e que sua maior preocupação é com a falta de emprego. “Decidimos fazer essa festa junina para alegrar e também para saber como estão essas pessoas: que caminhos podem ser feitos para quem quer sair de fato das ruas. Para que a festa fosse possível, conversamos com o Padre Rogério da Catedral de Santo Amaro e ele prontamente permitiu que usássemos o espaço da igreja para esse encontro”, contou o Padre Arlindo.
Para que esse atendimento seja possível, os voluntários se reúnem todas as quintas-feiras, às 18h, na Catedral de Santo Amaro.
“O mais importante é trazer uma provocação para eles. Qual a diferença que faz o albergue nessa situação que eles vivem aqui em Santo Amaro?”, indagou o educador social, Paulo Fernandes da Costa.
Maria Nazaré Cupertino, que foi coordenadora da Pousada Esperança durante nove anos, explicou que alguns deles encontraram outros albergues provisórios mas que “tem um grupo que se recusou a sair da porta da Pousada e construíram o que eles chamam de malocas (uma espécie de barro feito com sacos e lonas), outros estão na porta do cemitério e o restante, espalhados pelo Largo 13 e na frente da Santa Casa de Misericórdia de Santo Amaro”.
Ericka Gontijo Azevedo morou durante quase três anos na Pousada Esperança e ficou muito triste com o fechamento do albergue. “A Pousada para mim foi uma mãe, quem me acolheu e me ajudou. Passei por alcoolismo, minha família não me aceitava porque eu sou uma menina trans. Viajei para Florianópolis e voltei achando que teria onde ficar e agora não sei bem o que vou fazer. Mas foi bom ter essa festa para reencontrar todos os funcionários que sempre me acolheu”. Ericka passou no curso de Direito, conseguiu um emprego e disse que pretende advogar em prol dos direitos dos moradores de rua e das transexuais.
Para encerrar a festa, Padre Arlindo realizou uma oração com todos os presentes.
FECHAMENTO DA POUSADA ESPERANÇA
A Prefeitura fechou o albergue Pousada da Esperança, localizado em Santo Amaro, que atendia 120 moradores, demitindo 17 funcionários. Além do espaço para dormir, eles recebiam refeição, banho e acompanhamento assistencial para quem estava a procura de emprego, como auxilio na realização de currículo e de documentação.
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