Pets voltam a ficar sozinhos com retorno dos tutores ao trabalho presencial e especialistas recomendam preparo e atenção

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Entre as dicas, estão medicamentos alopáticos, deixar um rádio ou televisor ligado, roupa com o cheiro do dono e até a cia de outro pet


Depois de longos meses na companhia aconchegante e divertida de seus donos, proporcionados pela quarentena imposta durante a pandemia de Covid-19, os pets começam a ter que se despedir da atenção em tempo integral, para voltarem às longas horas sozinhos. Por causa dessa quebra na rotina, muitos animais de estimação sentem psicologicamente o afastamento e podem desenvolver comportamentos compulsivos, deprimidos ou de automutilação.

Na cidade de São Paulo, a estimativa é de que haja cerca de 1,8 milhão cães e 810 mil gatos domiciliados em área urbana. Trata-se de um total de 2,6 milhões animais domésticos, segundo estudo publicado pelo ISA-Capital 2015, o mais recente levantamento disponível que contribui para o dimensionamento das populações caninas e felinas domiciliadas no município.

De acordo com a veterinária Telma Rocha Tavares, da assessoria técnica da Coordenadoria de Saúde e Proteção ao Animal Doméstico (Cosap), da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), todos esses animais domésticos estão suscetíveis a desenvolverem algum tipo de comportamento negativo em momentos como esse. Uma vez retomado o trabalho presencial dos tutores, começa a ansiedade causada pela separação. “Além da apatia, eles também costumam destruir os objetos em casa, até mesmo quando o dono está presente. Vão acumulando ansiedade e tristeza. Os responsáveis precisam ficar atentos”, explica. Para Solange Germano, veterinária do setor de ações especiais da Cosap, é responsabilidade do dono não só detectar problemas emocionais, mas também sinais de doenças como: diminuição do apetite, urinar ou defecar fora dos locais habituais, lambedura ou coceira excessivas de partes do corpo que podem causar ferimentos, movimentos repetitivos, agressividade e prostração.

As profissionais indicam que, ao perceber esses comportamentos, o tutor deve procurar um médico veterinário para que o especialista avalie se o problema é físico ou emocional, por meio de avaliação clínica e, se necessário, solicite exames complementares. Existem diversos tratamentos: medicamentos alopáticos, homeopáticos, fitoterápicos, florais, educadores caninos, especialistas em comportamento animal, entre outros.

Segundo Solange, cães, gatos e outros pets são animais com a capacidade de sentir medo, dor, raiva, ansiedade, alegria e prazer em receber carinho, tudo de maneira consciente. “Alguns tutores com condições financeiras podem utilizar ‘creches’ que são estabelecimentos especializados, onde o animal passa o dia, socializa, brinca e depois volta para a casa”, indica. Outras dicas são deixar um rádio ou televisor ligado para o som da voz humana dar mais segurança e/ou um objeto ou roupa com o cheiro do proprietário também ajuda (é preciso tomar cuidado para que não seja nada que ele possa engolir).

É preciso também que haja um preparo para a fase de transição, uma adaptação gradual, mesclando momentos dentro e fora de casa, deixando o pet sozinho por algumas horas. “Recursos classificados como enriquecimento ambiental na residência, tais como brinquedos onde são colocados alimentos e petiscos para cães, prateleiras, túneis e brinquedos para gatos, vão ajudar a ocupar a mente e fazer com que eles sintam um pouco menos a ausência dos humanos da casa”, ensina Telma.

As especialistas afirmam que, independentemente da pandemia, quando os tutores trabalham fora, o ideal seria ter outro animal para fazer companhia. Uma sugestão interessante, tanto para alegrar as casas ainda sem animais, quanto para fazer companhia aos animais que podem vir a ficar sozinhos, é a adoção dos que estão à espera de um lar. Em 2020, a Cosap promoveu 311 adoções de cães e gatos. De janeiro até novembro deste ano, já foram adotados 258 animais.

Adoção online

Em razão da pandemia de Covid-19, a Cosap implantou, no ano passado, o serviço online de adoção de animais. Agora é possível iniciar o processo de forma virtual pelo Portal 156, da Prefeitura de São Paulo (https://sp156.prefeitura.sp.gov.br/portal/servicos/informacao?servico=3676).

Para isso, é necessário apresentar o Registro Geral (RG) e Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) do tutor, comprovante de residência recente (dos últimos três meses) e pagar uma taxa pública de R$ 26,50. O candidato deverá preencher um formulário online descrevendo, entre outras informações, o nome ou perfil do animal que deseja adotar. A equipe da Cosap vai avaliar as informações, com o objetivo de reduzir as chances de devolução dos animais. Se não for detectada nenhuma incompatibilidade, o processo continua com o agendamento da visita para que o futuro tutor possa conhecer o seu novo amigo e levá-lo para casa.

A coordenadoria tem, atualmente, 307 animais disponíveis, sendo 166 cães, 116 gatos, 8 cavalos, 2 porcos e 15 coelhos. Desde 20 de março de 2020, a visitação ao Centro Municipal de Adoção está suspensa, em cumprimento aos protocolos sanitários impostos pela Covid-19, mas os munícipes podem acessar a lista com fotos dos animais na página da Cosap pelo link: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/saude/saude_e_protecao_ao_animal_domestico/index.php?p=272491.


SUGESTÕES DE PAUTA: reportagem@gruposulnews.com.br

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