Paçoca, o ‘Cão terapêutico’ que ajuda no tratamento de dependentes químicos na capital

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Franciele, uma mulher de 27 anos que faz tratamento contra o vício de drogas e de jogo, no Serviço de Cuidados Prolongados (SCP) Álcool e Drogas (AD) Boracea da Prefeitura de São Paulo por meio da Secretaria Municipal de Saúde ganhou um aliado poderoso em seu processo de recuperação: Paçoca, um golden retriever de 3 anos.

“É como se fosse parte da família e a gente se sente tranquilo com a presença do Paçoca”, diz a jovem, que vê a presença do cachorro como uma proposta diferenciada.

A psiquiatra Aglaé Sousa, uma das coordenadoras do SCP, explica que o contato do cachorro com dependentes químicos colabora na diminuição da ansiedade, da agressividade e até mesmo no controle da pressão arterial.

Segundo ela, a interação com o animal também melhora a memória, a empatia, o humor, aumenta a sensação de prazer, pois eleva o neurorreceptor dopamina, e ajuda na criação de laços afetivos.

“Ele é alegre, faz carinho”, diz Robson, 37, outro paciente da unidade, que está em tratamento contra o vício de álcool e drogas.

Muitos benefícios
Aglaé ressalta ainda que o contato com o Paçoca ajuda os pacientes a desenvolverem responsabilidade, confiança e autonomia por meio do desempenho de tarefas como colocar água para Paçoca. “Essas habilidades estão diretamente ligadas ao objetivo do SCP, que é reinserir os pacientes na sociedade do ponto de vista biopsicossocial e econômico”.

A psiquiatra Kátia explica que as intervenções assistidas por animais (IAAs) são comuns em alguns hospitais para o tratamento de crianças e idosos, mas, no Brasil, a prática ainda é novidade quando se trata de dependentes químicos.

Porém, para poder desempenhar esse tipo de intervenção, o cachorro tem que ter um perfil dócil, ter boa interação com todos os tipos de pessoas e passar por um adestramento.

História
Paçoca foi levado até a unidade por sua tutora, Katia Camargo Gabriel, assistente administrativa de planejamento da Associação Filantrópica Nova Esperança (Afne), organização social que gerencia o equipamento. Ela conta que costumava visitar o SCP para vistoriar o serviço e acabou se encantando pelo trabalho realizado no local.

Ela, que tem um filho com transtorno do espectro do autismo (TEA), observou os benefícios do convívio da criança com Paçoca, e achou que poderia ser uma boa ideia levar o cachorro para interagir com os pacientes. E foi assim que, após receber a devida autorização, em novembro de 2023, Paçoca começou a frequentar o local duas vezes por semana.

Katia conta que sempre há uma comoção quando Paçoca chega na unidade e percebe que a relação de carinho do cachorro com os pacientes é muito grande: “Eu falo que eu trago um pacotinho de amor”.

SCP Boracea completa um ano
Neste dia 23 de fevereiro, o SCP Boracea completa um ano de inauguração. O serviço é uma iniciativa pioneira no Brasil, oferecendo acolhimento e tratamento integral e multidisciplinar para dependentes de álcool e drogas. O SCP Boracea já atendeu 176 pessoas, e atualmente, conta com 39 pacientes em acolhimento integral e 20 por telemedicina. Desde o início de seu funcionamento, a equipe da unidade já realizou mais de 42.180 abordagens aos dependentes nas cenas de uso de drogas.

O indivíduo chega ao SCP por meio do Caps AD IV Redenção, que primeiramente o encaminha para o Hospital Cantareira. Após a desintoxicação, se a pessoa aceitar participar do programa, é admitida no SCP, onde ficará por até 90 dias, prorrogáveis por mais 30 a depender do Plano Terapêutico Singular (PTS) estabelecido. O tratamento oferecido é multidisciplinar e os pacientes acolhidos possuem rotina com atividades como meditação, arteterapia, palestras motivacionais, atividades físicas, capacitação profissional, entre outras.


SUGESTÕES DE PAUTA: reportagem@gruposulnews.com.br

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