O saldo ocular da pandemia

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Especialista do Hospital CEMA, referência no tratamento oftalmológico e otorrinolaringológico, esclarece quais foram os efeitos do isolamento social na visão da população


A pandemia ainda não acabou. Enquanto alguns enxergam uma luz no fim do túnel com a disseminação das vacinas, outros seguem preocupados, especialmente com as novas variantes. E por falar em enxergar, existe um aspecto da saúde das pessoas que acabou sendo negligenciado durante o último ano: os olhos. Porém, qual foi o saldo ocular de 2021 em termos de saúde ocular? As pessoas estão enxergando menos? O uso de celulares impactou, de fato, a visão da população? O oftalmologista do Hospital CEMA, Leonardo Marculino, esclarece como foi esse último ano.

“No período de pandemia, não houve um aumento nos casos de doenças oculares. O que houve foi que algumas pessoas com doenças crônicas deixaram de ir ao oftalmologista, o que piorou o quadro desses pacientes, mas não houve aumento de incidência. O que ocorreu foram doenças secundárias por baixa imunidade, como herpes zoster”, explica o especialista.

De casos quase zerados de conjuntivite contagiosa, algo que ocorreu em 2021, a doença agora segue em paralelo ao surto de gripe e voltou com tudo. “A flexibilização das regras de isolamento social acabou por provocar esse aumento dos casos de conjuntivite”, detalha o médico. O uso intenso das telas vem sendo estudado há algum tempo e tem um impacto na visão das pessoas, mas esse é um problema de longo prazo. Embora tenha sido longa e continue ocorrendo, a pandemia ainda é um período curto para essa avaliação ocular. De todo modo, o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) alertou sobre um aumento nos casos de crianças com miopia no Brasil. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), até 2050 metade da população será míope.

No entanto, muitos ainda não entendem a importância de fazer check-ups oculares. Geralmente os exames de visão precisam ser feitos uma vez por ano, mas pouca gente segue essa recomendação e só procura um médico quando os sintomas pioram. Uma pesquisa feita pela Agência Brasil mostra que 10% dos brasileiros nunca foram ao oftalmologista, e muitos adiaram o check-up ocular nesse período de isolamento. No entanto, problemas oculares, como miopia, astigmatismo e hipermetropia, doenças degenerativas, como catarata, glaucoma e outras, continuam precisando de um olhar atento dos especialistas. O ano de 2022 ainda será de pandemia, mas é bom ficar de olho nos problemas oculares que podem ser evitados ou tratados.


SUGESTÕES DE PAUTA: reportagem@gruposulnews.com.br

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