Negligência masculina em relação à própria saúde mental pode resultar em consequências graves

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Créditos: Freepik

Segundo Ministério da Saúde, o suicídio é quase quatro vezes mais incidente entre homens

Saúde mental é um tema quase proibido na mesa dos homens no fim de semana. Futebol, trabalho, finanças ou política, tudo menos problemas emocionais, inseguranças e afins. Nos raros casos em que um desses assuntos, sem querer, aparece, o ideal é que não se elabore muito e se siga a angulagem padrão de “não é tão importante assim”, minimizando os impactos que o desconforto emocional pode gerar em todas as áreas da vida. Expor uma fragilidade é impensável para a maioria dos homens. Esse comportamento se reflete nos índices de procura de ajuda psicológica entre os representantes do sexo masculino.  Segundo relatório da Pesquisa Nacional de Saúde 2019, 69,4% dos homens passaram por consulta no ano de 2018, enquanto esse número é de 82,3% entre as mulheres.

O psicólogo Ildebrando Moraes de Souza, afirma que o problema aparece não só na psicologia, mas em questões de saúde em geral. “Historicamente, a mulher tende a buscar mais ajuda profissional, a cuidar mais da saúde. Para o homem, ir para o médico só é válido quando alguma coisa já está muito estragada no corpo. Tratamentos preventivos para saúde mental ganharam um contorno ainda mais grave de preconceito, porque precisar de ajuda psicológica muitas vezes envolve a exposição de uma vulnerabilidade, que é destoante do papel masculino na forma que a nossa sociedade se organiza. A procura por ajuda é muito rara e, quando existe, já tem um quadro grave.”

Segundo dados do Ministério da Saúde, o suicídio é quase quatro vezes mais incidente entre homens, são 9,9 mortes autoprovocadas por 100 mil habitantes; já entre as mulheres são 2,6 casos por 100 mil. A principal faixa etária atingida vai dos 15 aos 29 anos de idade. Daniel Kawakami, psiquiatra no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, explica as razões por trás do dado. “As mulheres representam a maior parte das tentativas de suicídio, no entanto, até por serem mais abertas aos medicamentos e tratamentos adequados para seus problemas, acabam encontrando maneiras de superar a situação. Outro fator é o modo com que os homens buscam a morte autoprovocada. Enforcamento, armas de fogo e meios normalmente mais letais.”

Ambos os especialistas apontam que o tema é pouco debatido e alertam que é necessário uma maior campanha de conscientização focada no meio masculino.

Por Regis Ramos para o Jornal da USP


 SUGESTÕES DE PAUTA: reportagem@gruposulnews.com.br

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