A crise climática também precisa ser discutida nas cidades e não só no eixo estadual e federal
Na última semana, quem quisesse se imaginar em um cenário de filme apocalíptico não precisava ir muito longe, bastava estar ao ar livre e olhar o céu de São Paulo. A cidade, assim como boa parte do país, vive um período de estiagem histórico. Segundo o Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais), órgão do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, esta seca já é uma das mais longas das últimas décadas.
Outros fatores se somam a isso e ajudam a criar o céu cinzento e aterrador. As queimadas que se espalharam pelo estado e deixam um rastro de fuligem e destruição, e a poluição já tão conhecida na capital que não consegue dissipar devido à falta de chuvas e à pressão atmosférica formada pela onda de calor que cobre a região. Essa combinação colocou a cidade entre os centros urbanos mais poluídos do mundo, segundo a empresa IQ Air, que faz o monitoramento para as Nações Unidas.
Cientistas e especialistas em clima e meio ambiente são unânimes em dizer que já vivemos os fenômenos das mudanças climáticas, e que a tendência é piorar. No entanto, isso não é uma sentença, o cenário pode ser mudado e o atual período eleitoral é uma boa oportunidade para refletir sobre o tema. E se engana quem pensa que pautas ambientais não são discutidas no âmbito municipal.
“São nas cidades e municípios que irá se dar a grande batalha entre um planeta degradado e a condição de vida das pessoas. É ali que a seca, a poluição, a falta d’água serão sentidas. Quando você vota para prefeito, vereador, você tem mais capacidade de influência como cidadão. Em muitas cidades, você pode falar com o candidato e você consegue fazer uma ação mais direta. Então, como cidadãos, esse é um momento para a gente começar a virar essa história toda,” explica o geólogo, pesquisador de mudanças climáticas e autor do livro Planeta Hostil, Marco Moraes.
Os governos municipais terão que estar preparados para planejar o futuro e o enfrentamento das mudanças do clima, seja para criar soluções para gerir o impacto dos fenômenos climáticos ou medidas que protejam a população dos riscos. Para isso, Marco tem uma dica. “Escolher bem os candidatos. Para escolher bem, a gente precisa estar bem informado. Para que não caia em conversas enganosas que não vão levar a nada”, finaliza.
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