Moradores das favelas utilizam auxílio emergencial para ajudar amigos e familiares, revela estudo

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Apesar de muitas pessoas terem perdido o emprego e precisarem do auxílio emergencial para pagar contas e comprar comida, estudo mostrou que 62% dos moradores das favelas brasileiras utilizaram o benefício para ajudar quem estava passando necessidades. Segundo o estudo, de cada 10 moradores que pediram o auxílio, apenas sete conseguiram receber


Solidariedade é a palavra do momento. E essa palavra se converte em ação, principalmente, nas periferias. É o que mostra um estudo do Instituto Locomotiva, em parceria com a Central Única das Favelas (CUFA) e a Favela Holding: 62% das pessoas das pessoas entrevistadas afirmaram que ajudaram, financeiramente, familiares e amigos. Além disso, essa ajuda foi feita através do auxílio emergencial recebido do Governo Federal.

Além de ajudar quem precisa, os R$ 600 do auxílio emergencial também foi usado para:

  • comprar alimentos (96%)
  • comprar produtos de higiene e limpeza (88%)
  • pagar contas (68%)
  • comprar remédios (64%)

Segundo o estudo, de cada 10 moradores que pediram o auxílio, apenas sete conseguiram receber. Além disso, 80% das famílias de comunidades estão sobrevivendo com apenas metade da renda que tinham antes da pandemia. E o medo de perder o emprego atinge 88% das pessoas.

“As favelas consomem, portanto, produzem 119 bilhões por ano. Então, se hoje o Governo tem a obrigação de ajudar essas pessoas, não é porque elas são preguiçosas e são pedintes, elas sempre produziram. Ou a gente consegue dividir a riqueza com a favela, que está precisando nesse momento, ou a gente vai acabar dividindo as consequências da miséria que a elite sempre produziu também nesse país”, disse Celso Athayde, fundador da Central Única das Favelas.

Mas o medo de ficar doente é maior: 89% dos entrevistados têm medo de que os familiares, principalmente os mais velhos, sejam infectados pela Covid-19. Desse total, metade vive com pessoas do grupo de risco e 32% vivem com pessoas que têm mais de 60 anos.

O estudo revela também que 49% dos moradores das favelas seguem as recomendações de prevenção contra o vírus, mas 72% precisam sair do isolamento para trabalhar. “Por mais que ele [o vírus] possa atingir ricos e pobres, os anticorpos sociais da favela e do restante do Brasil são bem diferentes. Na favela tem mais gente que não trabalha em profissões que seja possível fazer o home office. Na favela, 46% dos lares não têm água encanada. Nas favelas muita gente está sendo obrigada a sair para trabalhar porque infelizmente não tem o que comer no dia seguinte”, afirmou Renato Meireles, presidente do Instituto Locomotiva.

COVID-19 NAS PERIFERIAS

De acordo com o estudo “SoroEpi MSP” realizado pelo Grupo Fleury, Instituto Semeia, IBOPE Inteligência e Todos Pela Saúde, na cidade de São Paulo, a Covid-19 está 2,5 vezes mais presente na periferia do que em bairros nobres.

Se em bairros nobres 6,5% das pessoas já tiveram contato com o vírus, nos bairros periféricos esse índice é de 16%.

Pela média, o estudo mostra que 11% dos moradores da capital já tem anticorpos para a doença. Essa média é maior que a pesquisa sorológica feita pela Prefeitura que mostrou que a prevalência do coronavírus em São Paulo é de 9,5% para os mais de 12 milhões de habitantes da cidade, ou seja: 1,160 milhão de pessoas já tiveram contato com a Covid-19, mas não estão registrados nos dados oficiais.

Entre brancos e negros também há uma grande diferença na taxa de prevalência do vírus: 19,7% dos que se identificam como pretos já tiveram contato com a Covid-19 e 7,9% da população branca já teve a doença.

Até o dia 29 de junho, a Zona Sul da capital paulista registrou 2.595 mortes (confirmadas e suspeitas):  foram 9 mortes em Marsilac, 39 no Socorro, 72 em Moema, 90 no Campo Belo, 91 em Santo Amaro, 94 no Campo Grande, 100 no Itaim Bibi, 103 em Pedreira, 121 em Parelheiros, 158 no Campo Limpo, 178 em Cidade Dutra, 223 no Jabaquara, 250 na Cidade Ademar, 250 no Jardim São Luís, 259 no Capão Redondo, 268 no Jardim Ângela e 290 no Grajaú.

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