Fábrica de Sonhos: uma fantasia realizada

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ONG na Cidade Dutra, região de Interlagos, auxilia mais de 80 crianças e adolescentes com atividades de apoio escolar, clube de leitura, oficinas, teatro, aulas de inglês, terapia em grupo, jiu-jitsu e dança


Escrito por: Isabella Cavalcanti Fonseca

Repórteres: Laura Barbugian, Beatriz Lauerti, Soffy Rahel

Localizada no bairro Cidade Dutra, região de Interlagos, a ONG Fábrica de Sonhos se destaca em meio a Rua Jaimes de Freitas Muniz. O pequeno espaço, conquistado em junho de 2016, é inteiramente pintado de um alegre azul e de um branco que lembra nuvens de algodão. Em uma de suas paredes, a frase “Mudar o mundo nunca será uma utopia” traduz o clima do lugar: esperançoso e acolhedor.

A Fábrica de Sonhos foi criada em 2014 por Aline Cardoso Ramalho (26) e Janaili Fiuza Passos (27), atual presidente da ONG. Neste mesmo ano, as duas amigas, ao entrarem em uma comunidade na Vila da Conquista, no Jardim Graúna, se depararam com uma família de 10 pessoas morando em uma viela, que ficou apelidada de “o Beco”: entre um campo de futebol e um curral com alguns animais. “As crianças moravam ao lado de um barraco de porta de guarda roupa, não tinham água, não tinham luz e usavam a água da casa dos vizinhos. Faziam as necessidades no mato”, explicou Janaili. Diante da situação, uniram-se com um grupo de amigos e propuseram-se a construir uma casa para a família, que foi entregue um ano depois, em agosto de 2015.

Nos dois anos seguintes, esses jovens passaram a fazer recreações dentro do Beco e, aos domingos, no campo de futebol. “Começamos a observar que as crianças eram muito violentas e indisciplinadas, não eram alfabetizadas e tinham muita dificuldade na escola. Vimos que precisávamos fazer algo a mais. Assim surgiu a ideia de criar um projeto social no bairro para atender as crianças”, afirmou a presidente da ONG.

Em 2016, começaram a procurar por um espaço que atendesse as necessidades da ONG. Em julho deste mesmo ano, alugaram uma garagem que abria duas vezes na semana. Um grupo de voluntários dividiam o custo do local e do lanche das crianças. Com o passar do tempo, a demanda pelo trabalho voluntário só aumentou, até o lugar não comportar mais. Após algumas mudanças, conquistaram o espaço que estão atualmente.

AÇÕES E ATIVIDADES

“Mudar o mundo nunca será uma utopia”

A Fábrica de Sonhos atende cinco vezes na semana crianças, em contra turno escolar, e adolescentes, no período noturno. Hoje, trabalham com 65 crianças e 14 jovens.

As atividades que oferecem são as mais variadas: apoio escolar, clube de leitura, oficinas, teatro, aulas de inglês, terapia em grupo, jiu-jitsu e dança. Há também o projeto “Resgatando Valores” que se destina aos adolescentes, onde dialogam e debatem entre eles sobre questões pessoais e coletivas.

A ONG conta com 18 voluntários que vão um ou dois dias por semana para as aulas, entre eles professores e cuidadores, que se dividem em quatro departamentos: financeiro/administração, mídia, captação de recursos e professores. “Também estamos treinando quatro de nossos adolescentes. Eles auxiliam em todas as áreas, para aprender de tudo um pouco”, diz Janaili.

DOAÇÕES

A Fábrica de Sonhos recebe um valor mensal de uma empresa colaboradora. Este ano começaram uma campanha de apadrinhamento das crianças, porém, apenas 29 crianças estão apadrinhadas até então. Para apoiar uma criança, basta entrar no site da organização (http://fabricadesonhos.ong.br/) e realizar um cadastro na página principal.

Eles também realizam eventos beneficentes como: feijoada, noite da pizza, festa junina e noite da batata. Hoje estão realizando um brechó, na sede da ONG, para contribuir com a renda.

ESPERANÇA DE UM FUTURO MELHOR

Apesar do nome fantasioso, a Fábrica de Sonhos não poderia ser definida de maneira melhor. Crianças e adolescentes são ensinados, todos os dias, valores e lições para incorporarem em suas vidas.

Um momento marcante e inspirador vivenciado por Janaili Fiuza durante a jornada na ONG foi o crescimento pessoal de uma das crianças que moravam no Beco. “Estávamos em uma roda de histórias com as crianças menores e um menino dessa família, de uns 6 anos, ao ser questionado sobre o que queria ser quando crescer, disse que queria ser um ‘ladrãozinho bom’. Os voluntários perguntaram para ele o que seria isso. Ele respondeu que é quem rouba muito, mas que não mata as pessoas. Essa era a realidade deles”, conta ela. “Os voluntários começaram então a trabalhar a questão da educação e disciplina. Dois anos depois, perguntamos para esse mesmo menino o que ele gostaria de ser e ele respondeu que gostaria de ser médico”.

Janaili afirma com emoção: “O meu maior sonho é ver a sociedade transformada, essas crianças sendo transformadas, porque elas são a próxima geração. Elas quem vão assumir os topos, que vão para a política, artes… Se elas forem transformadas agora, juntos, vamos ter o poder de mudar o mundo”.


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