Estudo do Unicef revela aumento do trabalho infantil na Zona Sul durante a pandemia

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Os dados foram coletados com famílias que vivem em situação de vulnerabilidade nos distritos do Campo Belo, Campo Limpo, Capão Redondo, Cursino, Grajaú, Jardim Ângela, Jardim São Luís, Parelheiros e Santo Amaro, e outros locais de SP. Entre maio e julho, a incidência do trabalho infantil entre as famílias aumentou 26%


Um levantamento realizado pelo Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) revelou que houve uma intensificação de 26% no trabalho infantil em mais de 50 mil famílias que vivem em situação de vulnerabilidade e receberam doações da própria Unicef durante os meses de maio, junho e julho na cidade de São Paulo.

Os dados foram coletados com famílias de oito distritos da Zona Leste, sete da Zona Norte, cinco do Centro e nove distritos da Zona Sul: Campo Belo, Campo Limpo, Capão Redondo, Cursino, Grajaú, Jardim Ângela, Jardim São Luís, Parelheiros e Santo Amaro.

Antes da pandemia, a incidência do trabalho infantil, em casas com apenas uma criança ou adolescente, era de 17,5 para 1.000, depois da pandemia esse número subiu para 21,2 por 1.000.

“Quando observamos a incidência do trabalho infantil ao longo do tempo, percebemos que as famílias cadastradas em maio, junho e julho tinham taxas parecidas antes da pandemia – 17,5 por 1.000, aproximadamente. Mas a taxa de domicílios em que alguma criança ou algum adolescente começou a trabalhar depois da pandemia aumentou de 2,5 por 1.000 em maio para 6,7 por 1.000 em julho. Ou seja, em dois meses, a incidência do trabalho infantil entre as famílias cadastradas aumentou 26%: passou de 24 por 1.000 para 19 por 1.000”, revela o estudo.

“É um fenômeno que, quanto mais tempo a família passa em vulnerabilidade, mais aumenta a necessidade de colocar crianças para trabalhar. A questão é encontrar uma forma de não colocar as famílias nessas situações. Outro problema será na volta às aulas: o desafio será fazer com que essas crianças voltem a estudar”, afirmou o oficial de Monitoramento e Avaliação do Unicef, Danilo Moura.

As doações realizadas pelo Unicef, em parceria com o Ministério Público do Trabalho (MPT), incluíam kits de higiene/limpeza e alimentos. Na capital paulista, cerca de 88 mil famílias, pelo menos 380 mil pessoas, receberam as doações.

De acordo com o Unicef, a maioria das casas pesquisadas para o levantamento são chefiadas por mulheres (quase 80%), com idades entre 41 e 43 anos. Quase 45% das mulheres já estavam sem emprego antes da pandemia.

“É preciso que as políticas públicas olhem especificamente para as mulheres, para as adolescentes grávidas, para as gestantes mães, para que elas tenham apoio de políticas que as ajudem se manter no mercado de trabalho e, ao mesmo tempo, que elas continuem cuidando de suas crianças. Por outro lado, o empregador também tem que ter muita flexibilidade para que essas crianças continuem sendo cuidadas pelas suas mães e elas continuem trabalhando”, reflete Adriana Alvarenga, coordenadora do Unicef em São Paulo.


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