Em abordagem, PM se ajoelha no corpo de homem e chuta mulher na Zona Sul

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O caso aconteceu no Capão Redondo durante abordagem policial e ação foi filmada por moradores que se revoltaram com a violência. Em média, uma pessoa é morta a cada oito horas por um policial militar no Estado de São Paulo


Moradores da Zona Sul ficaram revoltados com um vídeo que circulou nas redes sociais mostrando dois policiais agredindo um homem e uma mulher na região do Capão Redondo, no final de março.

Pelas imagens, é possível observar que um policial branco e sem máscara de proteção contra a Covid-19 está ajoelhado nas costas de um homem negro jogado no chão. Enquanto isso, uma mulher grita “está machucando ele, tá sufocando ele” e outro policial, também sem máscara, a empurra para a rua.

A pessoa que grava a ação, que dura mais de dois minutos, também reclama com os policiais ao dizer: “não precisa disso aí”.

O policial que está ajoelhado contra o homem, então, consegue algemá-lo e se levanta. Os dois policiais, então, começam a levar o homem para a viatura quando a mulher tenta socorrer o homem novamente. Nesse momento, o primeiro policial chuta a mulher várias vezes, enquanto o outro PM aponta a arma para ela. O homem algemado é jogado dentro da viatura.

Segundo a Polícia Militar, o homem portava drogas e resistiu à prisão. A corporação informou que um procedimento foi instaurado para apurar a ação.

VIOLÊNCIA POLICIAL

Em todo o Estado de São Paulo, no ano passado, cerca de 154 pessoas morreram nas mãos de policiais militares em decorrência de supostas resistências. De acordo com informações do Diário Oficial, PMs também mataram 26 pessoas, durante seus dias de folga, ao dizerem que houve confronto após ocorrência.

Em média, uma pessoa é morta a cada oito horas por um policial militar no Estado de São Paulo. Este é o pior número da série histórica desde 2001.

Ainda de acordo com os dados do Governo de São Paulo, 78 pessoas morreram em fevereiro de 2021 por policiais militares em serviço. No mesmo mês, no ano passado, foram 54 mortes.

Já o relatório do Comitê Paulista pela Prevenção de Homicídios na Adolescência realizado pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) revela que 1.253 crianças e adolescentes (com menos de 19 anos) foram mortas pela intervenção policial entre janeiro de 2015 e dezembro de 2020.

Como de costume, a maioria das mortes são de crianças e adolescentes negros: segundo o relatório, 57% das meninas de 15 a 19 anos que morreram nesse período eram negras; entre os meninos, os negros mortos são 77% até 14 anos e 68% com idade entre 15 a 19 anos.

“A desigualdade racial se acentua quando o foco é colocado nas mortes decorrentes das forças policiais: no estado de São Paulo, o risco de um adolescente negro ser morto em uma ocorrência policial é duas vezes maior do que de um adolescente de outra raça/cor: entre adolescentes de 15 a 19 anos, a taxa de 2,4 mortes por 100 mil para não negros aumenta para 5,6 por 100 mil para negros”, diz o texto do relatório.


SUGESTÕES DE PAUTA: reportagem@gruposulnews.com.br

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