Clássico do barroco inglês de 1688 ganhou uma adaptação empolgante com história de final trágico
O Theatro São Pedro, uma das obras arquitetônicas culturais mais icônicas na cidade de São Paulo, abriu a Temporada de Ópera 2023 com a ópera Dido e Enéas, de Henry Purcell, que foi exibido nos dias 9. 10, 11 e 12 de março.
Baseado no Livro IV da Eneida, do poeta romano Virgílio, a ópera foi composta em 1688 e é considerada uma das grandes obras do barroco inglês, onde narra a aventura de uma trágica história de amor entre Dido, a Rainha de Cartago, e Enéas, herói refugiado troiano.
O jornalista cultural do Grupo Sul News, Matheus Laube, assistiu à um espetáculo de ópera pela primeira vez a convite da cantora de ópera, Stella Andrioli. “Primeiramente não tem como não parabenizar pela clássica arquitetura do Theatro São Pedro, com todas as decorações nas paredes em gesso, com detalhes para as grandes janelas para a iluminação natural, típica arquitetura do início do século passado, que foi inaugurado em 1917! Isso sem contar o lindo espaço interno, com um lustre magnífico!”, explicou Matheus.
Embora Stella esteja se aventurando como intérprete de árias de óperas para apresentações da Orquestra Filarmônica Santo Amaro, também foi sua primeira vez vendo um autêntico espetáculo de ópera. “Conheço muitas histórias e personagens, mas estou vivenciando algo novo. Na realidade meu sonho é no futuro breve estudar na Academia de Ópera deste Theatro, que é uma grande referência nacional”, explicou Stella.
A direção musical do espetáculo ficou por conta de Luís Otávio Santos, que contou com um ótimo instrumental alinhado com as coreografias e apresentações. “O mais atraente do Theatro São Pedro é um letreiro em cima do palco que traduzia simultaneamente as letras enquanto cantava, visto que apresentações de ópera são sempre cantados, e não em conversação, o que ajudou e muito a entender todo o contexto da peça apresentada”, explicou Matheus.
Além de cantar, Stella também tem uma paixão por figurinos. “Amei os figurinos usados, assinado por Olintho Malaquias, que surpreendeu ao colocar fardos camuflados do exército com metralhadoras dos tempos modernos, de períodos históricos mais recentes do que a época narrada, no século XVII, que deu um impacto diferente na visualização da peça. Gosto mais da originalidade, mas esta adaptação também foi muito impactante, tornado o herói Enéas em um verdadeiro soldado de seu destino”, detalha Stella.
A história foi contada em três atos, Dido e Enéas se enamoram quando o navio com sua tropa naufraga, mas… por inveja, feiticeiros conspiram contra os amantes e convence Enéas a partir, pois seu destino, traçado pelos Deuses, é o de fundar uma nova Tróia, a cidade de Roma. Que mesmo contra a ideia de deixar o amor, após viver uma noite inesquecível com seu par, decide seguir a ordem dos deuses. “O ato do Feiticeiro, com todas as bruxas encenando, foi o que mais gostei, tanto dos figurinos, quanto da iluminação do palco, que tornou o ambiente muito misterioso e angustiante com todos os feitiços para usar contra o casal apaixonado”, diz Stella.
Em quesito de dança e canto, a apresentação foi impecável, aliado à excelente acústica do Theatro, tornando assim a adaptação inesquecível! Com a partida, Dido entra numa profunda depressão e acabada suicidando. “A cena é bastante comovente e melancólica, com muitas danças e cantos afinados. Em dado momento, uma das dançarinas acaba ficando semi-nua no palco, enquanto dança e atua, tornando o final da obra numa situação cômica de se viver para quem saiu com uma parceira cultural pela primeira vez para ver um espetáculo de ópera”, disse Matheus, rindo, sem saber o que pensar ou falar para Stella, que também riu da situação!
O espetáculo é um clássico histórico e foi produzido com um elenco de qualidade, que tornou o espetáculo muito divertido, onde o Theatro estava absolutamente lotado e o público ovacionou os atores ao final da obra.
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