Caminhos da Reportagem aborda os 50 anos do incêndio do Edifício Joelma

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Jornalístico da TV Brasil estreia nova temporada com especial sobre o caso


TV Brasil estreia a nova temporada de pautas especiais do programa jornalístico Caminhos da Reportagem com a edição inédita “Cinzas de fevereiro: 50 anos do incêndio do Edifício Joelma” neste domingo (4), às 22h. A produção é dedicada às vítimas da tragédia que abalou São Paulo e todo o país.

A produção da emissora pública relembra o caso a partir de entrevistas com personagens envolvidos no drama. A equipe do canal conversa com sobreviventes, testemunhas, bombeiros, jornalistas e especialistas em segurança contra incêndios. O conteúdo exclusivo fica disponível no app TV Brasil Play.

A matéria temática ressalta a dinâmica do incêndio e indica as mudanças incorporadas não só na legislação como também na fiscalização dos prédios. Diversas medidas de segurança passaram a ser exigidas de arquitetos e engenheiros em novos projetos.

O Caminhos da Reportagem apresenta entrevistas com profissionais da imprensa que dominam o tema. A TV Brasil traz os depoimentos do repórter Milton Parron, principal nome da cobertura jornalística do caso, e do jornalista Adriano Dolph, autor do livro “Fevereiro em chamas”, sobre os mais famosos incêndios paulistanos. “A cobertura do Joelma era muito pequena para o pouso de helicópteros”, explica Dolph.

Dinâmica do incêndio e operação de resgate

Eram pouco mais de 8h30 do dia 1º de fevereiro de 1974, uma sexta-feira cinzenta em São Paulo, quando um curto-circuito em um aparelho de ar-condicionado do Edifício Joelma, no centro da capital, deu início àquela que foi, por décadas, a maior tragédia da cidade.

As chamas avançaram rapidamente por carpetes, forros de espuma e divisórias de madeira do 12º andar. Quando o fogo chegou às escadas, não encontrou barreiras: em poucos minutos bloqueou a única saída e começou a se espalhar prédio acima. As labaredas alcançaram o 23º andar em cerca de meia hora.

Cerca de 750 pessoas estavam no prédio. Mais de 300 ficaram feridas, e pelo menos 181 morreram. Hiroshi Shimuta e Mauro Ligere eram colegas de trabalho na época, e foram resgatados do 22º andar, depois de se abrigarem das chamas e da fumaça por mais de cinco horas num beiral de janela. O espaço minúsculo foi dividido com outros cinco colegas.

“O cenário era simplesmente dramático, com aquele fogo subindo e as pessoas se jogando”, diz Shimuta, ao relembrar a espera pelo socorro. “Nós nos seguramos na estrutura de alumínio (da janela), e nos seguramos uns nas cintas dos outros, formando uma corrente ali. Se alguém tentasse pular, os outros não deixariam”, conta.

Ligere recorda os momentos dramáticos que viveu naquela expectativa por ajuda. “O sujeito que estava em cima de mim estava se queimando. Ele se segurava no meu ombro e eu via os ossos dos dedos da mão dele. Estava em bolhas”, destaca.

Os bombeiros Simão, Boanerges, Franclin e Roberto participaram do resgate. Simão socorreu Mauro, depois de subir, andar por andar, pela fachada do Joelma, com a ajuda de uma escada de mão. A operação é lembrada pelos veteranos do Corpo de Bombeiros de São Paulo durante o Caminhos da Reportagem. De acordo com os entrevistados, “o fogo não foi controlado, ele consumiu o prédio”.

Questões espirituais e mudanças na fiscalização

O incêndio tem uma representação muito forte para a cidade de São Paulo relacionada a manifestações de ordem espiritual ou de fatos sobrenaturais. As “treze almas do Joelma” são a história mais conhecida: 13 dos mortos até hoje não foram identificados. As pessoas estão sepultadas lado a lado no cemitério de Vila Alpina, na zona leste de São Paulo. O local ainda hoje recebe pessoas em busca de graças dessas vítimas anônimas.

A tragédia provocou revisão das leis e das inspeções das edificações. Portas corta-fogo foram incorporadas às exigências para o desenvolvimento de novos projetos. Arquitetos e engenheiros também se atentaram para aspectos da segurança.


SUGESTÕES DE PAUTA: reportagem@gruposulnews.com.br

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