ARTIGO | O que é ser pai?

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O Dia dos Pais deveria ser uma data de celebração, entretanto, os dados mostram que não temos nada para comemorar. O levantamento da Associação Nacional de Registradores de Pessoas Naturais (Arpen) revelou que, apenas no primeiro semestre deste ano, cerca de 96 mil crianças foram registradas apenas com o nome da mãe. Desde 2018 pra cá, o percentual de recém-nascidos com “pai ausente” cresceu de 5,5% para 7%. O valor espanta e levanta a questão – o que é ser pai?

Ser pai vai muito além do fator biológico de gerar um filho, é um papel complexo e significativo que envolve uma série de aspectos psicológicos. No dilema popular, pai é quem cria. E não me refiro apenas a prover sustento material, mas ser um cuidador emocionalmente envolvido, que proporcione um ambiente seguro (e suficientemente bom) para o crescimento e a expressão autêntica da criança.

Um dos conceitos fundamentais da psicologia é o do “objeto transicional”. Muitas vezes representado por um brinquedo ou objeto de apego, ele atua como uma ponte entre a criança e o mundo externo. A figura paterna, seja ela quem for, desempenha um papel crucial nesse processo, pois se torna um facilitador para a transição entre a dependência absoluta e a independência do filho.

Mais do que a concepção física, é estar presente emocionalmente, oferendo ao filho um lugar para expressar seus sentimentos e pensamentos. É servir como um modelo de referência, um guia que ensina a respeitar os outros e a si mesmo. Uma das suas funções é impor limites, e mostrar que nem sempre as vontades serão atendidas imediatamente, estimulando a tolerância a frustações e situações adversas, comum da vida humana.

Por fim, ser pai é um aprendizado contínuo. Uma jornada repleta de desafios, conquistas e descobertas. É preciso estar aberto para aprender com os próprios erros, reconhecendo que ninguém é perfeito e que a paternidade é um processo de crescimento, tanto para o filho, quanto para o pai. E pode ser qualquer um – um avô, um tio, um irmão mais velho ou uma mãe. Não é sobre ser homem, mas sobre amar, cuidar e proteger.

*Cristina Navalon é psicóloga com formação pela Universidade Metodista de São Paulo com especialização em Psicanálise do Adolescente, Psicossomática e Doenças Mentais


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