ARTIGO | O papel da indústria no cenário nacional

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Rafael Cervone*

As irreparáveis perdas das vidas humanas, os grandes prejuízos financeiros e materiais e os danos à infraestrutura causados pelas fortes chuvas no Litoral Norte de São Paulo durante o Carnaval são mais um alerta sobre os riscos inerentes às mudanças climáticas. O volume pluviométrico na região foi o maior de todos os tempos no Brasil, algo muito fora da curva. Fenômenos semelhantes têm ocorrido em distintas regiões do planeta.

No caso de nosso país, a questão envolve numerosas vertentes, como a contenção do desmatamento ilegal, a substituição de fontes fósseis por energia mais limpa e renovável, a redução da emissão de gases de efeito estufa, inclusive pelo avanço das políticas de saneamento e resíduos sólidos, e a garantia das reservas legais nas propriedades rurais. Outra frente decisiva é uma política industrial que contemple produção cada vez mais sustentável, como temos disseminado no Estado de São Paulo, nas ações do CIESP, da FIESP e de suas instituições como o Sesi e o Senai.

Além disso, defendemos perante as autoridades uma política industrial aderente à agenda ambiental e, ao mesmo tempo, capaz de resgatar a competitividade do setor, imprescindível para a geração de empregos em grande escala, inclusão socioeconômica e redução das desigualdades. Cabe lembrar que uma sociedade pouco inclusiva é um caldo de cultura para moradias e comunidades precárias, sem saneamento básico, que jogam seus resíduos sólidos em lixões a céu aberto e, portanto, com mais pegada de carbono e mais suscetíveis a riscos climáticos. Sem falar do principal: a qualidade de vida e a proteção à saúde.

Precisamos acelerar a transição à Indústria 4.0. Para isso, é preciso definir seu marco legal, adequando incentivos e reduzindo custos do financiamento. Deve-se, ainda, fomentar o desenvolvimento produtivo e tecnológico de fornecedores e startups, além de criar instrumentos para as médias, pequenas e microindústrias. Definir uma agenda de investimento também é crucial, contemplando redução dos juros e mais acesso ao crédito.

O fortalecimento da infraestrutura é outro fator urgente. Cabe fomentar o investimento público, mantendo a sustentabilidade fiscal, e incentivar o empreendedorismo, por meio de concessões e parcerias público-privadas.

*Rafael Cervone, engenheiro e empresário, é o presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP).


SUGESTÕES DE PAUTA: reportagem@gruposulnews.com.br

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