ARTIGO | Monteiro Lobato

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Não me lembro em que Natal ganhei um livro, de meu Pai, de autoria de Monteiro Lobato. O título era Peter Pan. Meu irmão também ganhou um do mesmo autor, Caçadas de Pedrinho.

Depois de ler o meu (que comecei logo no primeiro dia do ano novo), avancei no do meu irmão, e, depois disso, passei a interessar-me pelos livros de Monteiro Lobato. Posso dizer que seus livros foram fundamentais para a minha formação.

O autor, nos seus livros infanto-juvenis, escolheu o mais tradicional dos gêneros literários que é a fábula. Como qualquer fábula, suas estórias mostram seres encantadores, bichos falantes e situações inverossímeis, finalizando com moral ensinando valores, direcionadas para despertar na criança o gosto pela leitura. Hoje, eu estranho ler notícias sobre preconceitos existentes nas obras desse autor, que na época não eram vistos com esse enfoque. Impossível aceitar que Monteiro Lobato teria escrito com esse escopo. A época era outra e com outros conceitos.

Nas peripécias e travessuras, a personagem Boneca Emília, usa expressões que hoje são consideradas politicamente incorretas e preconceituosas. Exemplos: Ela trata a empregada Tia Nastácia de “negra beiçuda”. Numa outra passagem, “Não vai escapar ninguém, nem Tia Nastácia, que tem carne preta”. Há de se considerar, ainda, a linguagem típica de crianças, revestida de toda inocência, sem qualquer conotação preconceituosa, e, sem nenhum cunho de crítica social. O quê, certamente, seria inviável e inaceitável.

Na verdade Monteiro Lobato criou um mundo peculiar (Sítio do Pica-Pau Amarelo), em que Dona Benta, Tia Nastácia, Narizinho, Pedrinho, Visconde de Sabugosa, Marquês de Rabicó e outros personagens, transformam a rotina do dia-a-dia em inesquecíveis aventuras, que enriquecem e aprofundam o processo do crescimento e do conhecimento da vida.

Monteiro Lobato é o maior escritor infantil brasileiro e escreveu num contexto histórico que agora é acusado de racismo. Ele não pode ser visto como um escritor racista, mas, sim, apenas como alguém que representava a realidade brasileira na época, sem essa conotação que se levanta hoje. Apesar disso, prevalece a mensagem moralista que ele deixou.

Paulatinamente, os seus livros estão sumindo das escolas! ….
… E não é uma travessura da Emília! …

E. Figueiredo é Jornalista – MTb 34947


SUGESTÕES DE PAUTA: reportagem@gruposulnews.com.br

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