ARTIGO | Carro elétrico?

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Em 2019, diversos cientistas liderados pelo chefe de Ciências da Terra do Museu de História Natural, Professor Richard Herrington, enviaram uma carta ao Comitê de Mudanças Climáticas alertando que se os 31,5 milhões de carros do Reino Unido forem substituídos por veículos elétricos até 2050, como planejado pelo governo, isso gerará uma demanda de quase o dobro do fornecimento global anual atual de cobalto. Por enquanto, tanto a mineração, quanto a indústria têm dado conta.

Os pesquisadores também calcularam que, com base na mais recente tecnologia de bateria de lítio NMC 811 (cátodo feito com 80% de níquel, 10% de cobalto, 10% de manganês), a demanda do Reino Unido por baterias de veículos elétricos exigirá três quartos do lítio do mundo e o dobro da produção anual mundial de cobalto.

Hoje, mais de 80% da energia consumida pela humanidade provém de fósseis, como petróleo, gás natural e carvão. A eletricidade é a forma de energia que dominará o futuro, gerada pelo sol e pelos ventos principalmente. Estima-se que até 2040, 40% do consumo energético será na forma elétrica.

Com isso, estimam que a energia necessária para minerar materiais para baterias de veículos elétricos consumirá 22,5 TWh (TeraWatt-horas), o equivalente a seis por cento do consumo elétrico anual atual do Reino Unido. Só a mineração dos materiais de bateria para substituir os dois bilhões de carros no mundo exigiria quatro vezes a produção elétrica anual total do Reino Unido. Inviável em qualquer cenário.

Em outras palavras, embora o carro elétrico seja uma solução para o problema do consumo de energia fóssil e poluição, não é possível a médio prazo. Ou seja, é preciso buscar outras soluções complementares, como reduzir o uso dos carros, promovendo políticas públicas de transporte público, facilitação do uso de bicicletas, elétricas ou em caminhadas a pé.

Porém, o carro elétrico não precisa ser dependente de bateria, há a alternativa do hidrogênio, ou seja, e eletricidade vem de uma célula de combustível.

Certamente, um passo intermediário, por duas ou três décadas, será substituir motores comuns dos ônibus, caminhões e carros por motores híbridos, muito mais eficientes e leves. Somente esta medida representa uma economia de 30% dos combustíveis.

Mario Eugenio Saturno é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano


SUGESTÕES DE PAUTA: reportagem@gruposulnews.com.br

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