ARTIGO | Alcoolismo: prevenção começa em casa

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Apesar de ser considerado crime no Brasil, não é novidade que muitos estabelecimentos vendem álcool a menores de 18 anos, este consumo entre adolescentes vem despertando cada vez mais preocupação na sociedade.

Segundo dados de um artigo produzido pela Universidade da Finlândia Oriental e pelo Hospital Universitário Kuopio, publicado pela revista científica Alcohol em 2021, o uso excessivo de bebidas alcoólicas na adolescência está associado a alterações volumétricas no cerebelo – a parte do cérebro ligada às funções motoras e cognitivas do ser humano – na idade adulta.

Em muitos países americanos e europeus, a maior parte dos jovens faz uso de álcool antes dos 15 anos. No mundo, 26,5% dos jovens de 15 a 19 anos beberam no último ano, correspondendo a cerca de 155 milhões de pessoas, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2018). No Brasil, dados do IBGE mostram que o consumo de álcool é o maior responsável por mortes de brasileiros entre 15 e 19 anos e que pouco mais da metade dos alunos do país do 9º ano já experimentou bebidas alcoólicas – ou seja, cerca de 1,5 milhão de adolescentes de apenas 13 ou 14 anos.

Jovens que começam a beber antes dos 21 anos têm probabilidade quatro vezes maior de desenvolverem dependência alcoólica. Além das questões relacionadas ao desenvolvimento biológico, o início precoce do consumo de álcool tem outros impactos importantes, pois aumenta o risco de lesões corporais, o envolvimento em acidentes de trânsito, a vulnerabilidade a riscos como gestação indesejada e o aparecimento de doenças sexualmente transmissíveis.

Mulheres e meninas, como sempre, são as principais vítimas, vale ressaltar. Dados da PeNSE de 2019 mostraram que, entre os adolescentes que haviam experimentado bebida alcóolica pela primeira vez antes dos 14 anos de idade, o indicador é maior entre as meninas – 36,8%, contra 32,3% entre os meninos.

Este é um alerta fundamental. Afinal de contas, a responsabilidade é de todos: famílias, escolas, comunidade, profissionais de saúde, mídias e governo. Precisamos atentar a este tipo de comportamento tão nocivo antes que seja tarde demais. E o primeiro caminho, é, sem dúvida, a prevenção e a informação.

Kalil Duailibi, Psiquiatra e Professor do curso de Medicina da Universidade Santo Amaro – Unisa


SUGESTÕES DE PAUTA: reportagem@gruposulnews.com.br

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