ARTIGO | A escolha de Sofia era menos cruel

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“A escolha de Sofia”, romance de William Styron publicado em 1979. Desde então é uma expressão que invoca a imposição de se tomar uma decisão difícil sob pressão e enorme sacrifício pessoal.

Em 1982 no filme homônimo Meryl Streep interpretava Sofia, uma polonesa presa com seus dois filhos pequenos, no campo de concentração de Auschwitz durante a II Guerra. Um sádico oficial nazista dá a ela a opção de salvar apenas uma das crianças da execução, ou ambas morreriam. Crueldade impar.

Em 30 de outubro de 2022, lembrar-me-ei de Sofia e reviverei sua angústia. Nunca faltei a uma eleição ou plebiscito, marchando com a felicidade e motivação de quem vai decidir pelo poder do voto, ainda que simbolicamente, o futuro que almeja para si, para os filhos, quiçá netos…

Ocorre que a polarização imbeciliza as pessoas, faz asqueroso o debate político, cega milhares, faz com que as pessoas revoguem valores que me são muito caros a ponto de legiões marcharem com o fito de votar em A para que B não vença, ou votar em B para destruir A. Votar na desgraça para impedir que a coisa ruim vença, nos levou a duas alternativas igualmente ruins.

O Brasil não foi capaz de levar para o segundo turno uma alternativa que simbolizasse minimamente a esperança de um futuro harmônico, de um país pacificado, próspero unido e feliz. De modo contrário disseminou o ódio, a ojeriza, o nojo. Dividiu a nação em duas grandes e violentas torcidas para assistirem ao Fla X Flu mais sem graça da história, onde o protagonista (eleitor) será o maior prejudicado quando trilar do apito e encerrar a peleja.

Escolher entre a psicopatia galopante e a bandidagem ambulante parece ser mais cruel que ter que escolher salvar um entre dois filhos igualmente amados. Não foi para isso que lutei pela redemocratização do meu país.

Que Deus nos ajude!

Wander Simões Oliveira é Administrador de Empresas e Bacharel em Direito.


SUGESTÕES DE PAUTA: reportagem@gruposulnews.com.br

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