Agência popular na Zona Sul promove inclusão social na periferia

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Localizada no Campo Limpo, a Agência Solano Trindade ajudou mais de 40 mil pessoas durante a pandemia da Covid-19, mas há nove anos promove ações de empreendedorismo e economia solidária com incentivos ao comércio local


Geração de renda, cultura e educação, luta por direitos civis, gastronomia de qualidade, empreendedorismo e economia solidária. Isso e muito mais pode ser encontrado na Agência Solano Trindade, localizada na periferia do Campo Limpo, nos fundos da Zona Sul.

E a Agência já começou de maneira ousada, há nove anos: com a criação do Banco Comunitário União Sampaio, que oferece microempréstimos para a comunidade, sendo que uma parte é usada para compras no comércio local.

Logo depois, em 2017, nasceu o primeiro coworking da periferia de São Paulo, um espaço que oferece o que a maioria dos moradores da periferia não tem: computador e internet. “As pessoas vêm e podem usar o escritório para fazer reuniões, treinamento. As pessoas moram em vielas, não tem número nas casas. Como a pessoa vai trabalhar com e-commerce? O mundo tá digitalizando, mas na quebrada não tem home office, live, elas vivem do trampo essencial. Poucas pessoas da quebrada têm internet banda larga para fazer uma reunião, então aqui tem estrutura, aqui é o endereço compartilhado da comunidade”, explica Thiago Vinicius, fundador da Agência Solano Trindade.

Um dos projetos mais conhecidos da Agência é o Festival Percurso, que acontece sempre na Praça do Campo Limpo, e reúne milhares de pessoas para um dia que promove a cultura periférica com shows, palestras, boa comida e ações de empreendedorismo.

Na pandemia, a Agência Solano Trindade foi mais solidária do que muitas empresas conhecidas. Foram doadas 20 mil marmitas (na periferia e no Centro de São Paulo), 10 mil máscaras, 10 mil repelentes, 1.500 escovas de dentes, 9 mil pastas de dente, 5 mil sabonetes, mil chinelos e 10 mil cestas básicas para 40 mil pessoas. Além disso, 50 empreendedoras foram apoiadas com R$ 2 mil e 33 empreendedores da Gastronomia foram apoiados com 1.000 reais.

As marmitas doadas foram produzidas no Organicamente Rangô, o restaurante comunitário da Agência que é dirigido pela tia Nice, mãe de Thiago. As cestas básicas doadas foram compradas na própria comunidade, num incentivo ao comércio local.

“Compramos cestas da comunidade, quase 200 mil reais. O que entrava de dinheiro comprávamos de cesta nos mercados da quebrada, então, foi duplo impacto: colocamos comida na mesa de quem não tinha e na mesa de quem achou que ia perder o emprego. Os ingredientes das marmitas também vêm da compra local, além da nossa horta. A gente é um restaurante comunitário: pratos a partir de 15 reais com arroz, feijão, salada, pratos vegetarianos. Somos um dos únicos lugares na quebrada com conceito vegetariano; tem carne, mas tentamos diversificar”, explica Thiago. Em 7 de novembro o restaurante reabre com mais uma ação solidária: no momento de pagar a refeição, o cliente pode doar um prato de comida.

Mas não foram só alimentos que chegaram na mesa dos moradores do Campo Limpo: foi incluído um livro em todas as cestas básicas doadas, com obras de autores negros como Emicida e Djamila Ribeiro.

Para o próximo ano, o plano é conseguir uma sede própria para a Agência Solano Trindade, que hoje funciona numa casa alugada na Rua Batista Crespo, 105 – no Campo Limpo. “O objetivo é conseguir a sede e contribuir para a geração de rede que a gente conseguiu na pandemia. A gente fortaleceu mais de 40 mil pessoas com todas as ações. A gente colou em muitas quebradas e temos que continuar fomentando a transformação com essas pessoas porque as projeções que temos é a acentuação da desigualdade social com distribuições de cestas até o final de 2021. Então, a gente combinou que vamos continuar com essas doações”, afirma o fundador da Agência.


SUGESTÕES DE PAUTA: reportagem@gruposulnews.com.br

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