Em agosto de 2019, 90 áreas de Mata Atlântica foram desmatadas, principalmente em Parelheiros e Capela do Socorro. Agora, são mais de 150 áreas desmatadas pelo crime organizado para criação de loteamentos clandestinos em SP, comprometendo os mananciais de água que abastecem principalmente as Represas Guarapiranga e Billings
Em menos de um ano aumentou de 90 para 160 o número de áreas desmatadas pelo crime organizado na cidade de São Paulo para criação de loteamentos clandestinos. Segundo um novo levantamento feito pelo vereador Gilberto Natalini, cerca de “1,2 milhão de árvores foram mortas apenas no Município de São Paulo nos últimos seis anos”. Assim, “nascentes são aterradas, cursos de água e córregos deixam de existir, o que compromete os mananciais de água que abastecem principalmente as Represas Guarapiranga e Billings”, informa o dossiê.
Um levantamento anterior mostra que, nos últimos cinco anos, 90 áreas de Mata Atlântica foram desmatadas, principalmente em Parelheiros e Capela do Socorro. Se o primeiro levantamento indicou 3 milhões de metros quadrados de florestas paulistanas derrubadas, esta nova versão indica a derrubada de 7,2 milhões de metros quadrados, o equivalente a 4,5 vezes o tamanho do Parque Ibirapuera.
De acordo com o segundo levantamento do vereador Gilberto Natalini, “os Governos do Estado e do Município não tomaram medidas efetivas para reverter a tendência de desmatamento sistemático em São Paulo”. Desde o primeiro levantamento, os pedidos de criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito não foram atendidos.
Foram ouvidas 52 testemunhas, que citaram 75 pessoas suspeitas nas atividades criminosas como: “corretores” de imóveis, donos de tratores e retroescavadeiras, desmatadores; além de agentes do poder público como: fiscais de subprefeituras e secretarias, policiais e guardas municipais.
Há outras diferenças entres os levantamentos: o primeiro (de agosto de 2019) mostra a derrubada de 500 mil árvores, 20 mil lotes clandestinos de 150 m² cada um e o faturamento de R$ 1 bilhão com a venda dos lotes ilegais; já o segundo levantamento (de abril de 2020) indica a derrubada de 1, 2 milhão de árvores, 48 mil lotes clandestinos e faturamento de R$ 2 bilhões.
“Nós não procuramos essas testemunhas, foram elas que nos procuraram. Quando saiu na imprensa que nós estávamos denunciando o desmatamento, nosso gabinete virou uma central de recebimento de denúncia. As testemunhas dizem que pessoas do poder público são contempladas com lotes [clandestinos] e citam divisão de propina também para agentes públicos. Se você avisa as autoridades e demora uma hora e meia para a ação de repressão ir até lá e, quando chega, todo mundo já saiu, alguém está avisando que vai ter batida. Por que isso acontece de forma constante?”, reflete o vereador.
A Prefeitura informou que, para estimular a preservação das áreas de interesse ambiental e mananciais, criou “o Plano de Pagamento por Serviços Ambientais, que prevê uma remuneração para quem detiver e assegurar a conservação dessas áreas, além da aquisição de um sistema de validação e refinamento de alertas de desmatamento de vegetação nativa com imagens de alta resolução”. Além disso, informaram que uma sindicância foi aberta para apurar as denúncias de participação de agentes públicos no esquema ilegal de desmatamento.
Segundo o Ministério Público, uma força-tarefa foi criada com a Polícia Civil para prender quadrilhas que vendem terrenos em áreas de preservação ambiental na Zona Sul.
A Polícia Militar Ambiental informou que “ o planejamento para fiscalizações nesses locais é realizado com base em análises técnicas e uso de tecnologia, incluindo drones e dados georreferenciados”.
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