A Fé ao Senhor Bom Jesus se solidificou rapidamente entre os santamarenses, transformando a ida à Pirapora do Bom Jesus num ato de Fé, Tradição e Peregrinação, que acontece há 100 anos
Por: Karina Araújo
Baseado em dados históricos, a origem da cidade de Santo Amaro data de meados do século XVI, quando os jesuítas tomaram posse da margem esquerda do rio Jurubatuba. Estabelecidos em novas terras, logo iniciaram o processo de catequização dos índios Guaianazes, assim, surgiu a necessidade de construir uma pequena capela, que abrigou por muito tempo uma pequena imagem de madeira de Santo Amaro, que foi doada pelo casal João Pães e Susana Rodrigues. Portanto, Santo Amaro, ainda que muito tímida, emerge no cenário nacional, como uma cidade forjada pela Fé.
Cumpre ressaltar que, já em meados do século 19, há vários relatos históricos de devotos santamarenses que buscavam as graças do Senhor Bom Jesus, peregrinando a Pirapora, local cujo a imagem de Jesus açoitado, coroado de espinhos e com o manto nos ombros, foi encontrada as margens do rio Tietê em 1724. Muito piedoso, o santamarense já rogava à Deus por saúde e proteção para suas lavouras, negócios e criações antes mesmo do surgimento das romarias.
Contudo, oficialmente, a origem da Romaria dos Cavaleiros do Senhor Bom Jesus de Pirapora de Santo Amaro data do segundo trimestre de 1920, quando a cidade de São Paulo, entre outras tantas, foi palco de uma terrível epidemia, conhecida como gripe espanhola, que assolou e vitimou inúmeros paulistanos.
No entanto, a cidade de Santo Amaro, na época com características puramente ruralistas, era utilizada pelos paulistanos como um balneário devido as várias possibilidades de lazer oferecidas pela represa de Guarapiranga. O fato indiscutível é que, milagrosamente, nenhum caso da doença foi registrado em terras santamarenses.
Nesse contexto, surge um jovem tropeiro paulistano: Cenerino Branco de Araújo, conhecido comerciante de Santo Amaro e região, cristão piedoso, embebido e fortalecido em sua fé no Bom Jesus, selou seu cavalo, caiu na estrada e partiu em direção a Pirapora do Bom Jesus, acompanhado de uns poucos amigos, a fim de agradecer o milagre.
E assim nasceu a Romaria dos Cavaleiros do Senhor Bom Jesus de Pirapora de Santo Amaro, instituição sem fins lucrativos, que ocorre de forma ininterrupta desde então, graças ao esforço pessoal de vários mantenedores, que se revezaram no decorrer de um século de existência para mantê-la viva.
Naturalmente, no decorrer das décadas, o grupo de romeiros aumentou progressivamente em número e devoção. A Fé ao Senhor Bom Jesus estava, literalmente, solidificando-se rapidamente entre os santamarenses, transformando a ida à Pirapora do Bom Jesus num ato de Fé, Tradição e Peregrinação, que arrasta há 100 anos multidões de participantes e espectadores, exibindo pelas ruas tradicionais de Santo Amaro, a romaria como um símbolo de orgulho e união para os novos e antigos santamarenses, todos fortalecidos pela mais genuína tradição de fé de Santo Amaro, que tem o poder de congregar seus habitantes em torno do estandarte de Bom Jesus, que orgulhosamente é transportado em nossos cavalos por caminhos agora urbanizados, desafiando o progresso, que nos roubou as ruas de terra, bem como o lugarejo sossegado de outrora.
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Saudades da época que assistíamos a saída e a chegada da Romaria com a queima de fogos. Cheguei ir a Pirapora à cavalo com a minha irmã Lucia Helena (que Deus a tenha em um ótimo lugar). Seu Cenerino, saudades. Bons tempos. Sou botina amarela de coração.