Volta às aulas: como readaptar a criança na escola?

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A timidez infantil pode ser desencadeada por momentos de estresse e mudanças, como o isolamento social


Por mais de um ano, os alunos ficaram afastados do convívio escolar presencial por conta da pandemia do coronavírus e isso pode ter consequências no retorno por conta da distância e a não estimulação do convívio social.

De acordo com a psicóloga e coordenadora da clínica de psicologia da Faculdade Anhanguera, Joice Cavalcante, nesse meio tempo a criança pode ter desenvolvido a timidez infantil. “A criança pode ser tímida por muitos motivos, genético e situacional. Esta última é causada pela ida a uma nova escola, algum problema familiar ou mudanças que interferem o dia a dia, como o isolamento social. Precisamos nos preocupar com essa condição para que ela não se torne algo crônico para as crianças”.

A timidez na infância é caracterizada pela dificuldade de relacionamento que pode prejudicar o desenvolvimento das habilidades sociais e comprometer a vida dessa criança em algumas situações na fase adulta. Essa timidez se manifesta através de medo do que não conhecem e vergonha de serem expostas; a criança tem dificuldade se relacionar no parquinho ou nas festinhas, não gosta de sair de casa e/ou prefere brincar sozinha. Pensando que o ser humano precisa de interações sociais, a ausência dessa habilidade pode trazer dificuldades no dia a dia.

A coordenadora indica que os pais precisam analisar alguns detalhes para que isso seja acompanhado com um profissional desde cedo. “Acompanhe, incentive e a faça se sentir querida e amada, sempre observando como ela interage com os outros. Caso perceba que a criança continua com dificuldade, se possível procure ajuda de um profissional que junto a família construirá um vínculo afetivo que a criança sentirá segurança no processo de interação”, explica a especialista.

Dicas de como readaptar à escola

A primeira dica para que a criança tenha uma transição leve do isolamento social/férias para o retorno é evitar falar que ela está tímida, seja para ela ou para outras pessoas, “apoiar e não criticar, se a criança não se sente confortável com aquela situação, o ideal é retirá-la dali a fim de não causar traumas”, completa Joice.

Não obrigar a se comportar como uma criança que não está tímida também ajuda, o ideal é entender o momento e trabalhar todo esse processo aceitando as condições e compreender que com calma e sem força é possível melhorar. “É importante saber que a criança está aprendendo um novo comportamento e que não saber interagir faz parte do processo de aprendizagem. Nessa fase, é muito importante e essencial a ajuda da família.”

Joice ainda diz para “acompanhar bem de perto a criança durante a estimulação social. É possível perceber que no decorrer das interações ela irá descobrir a forma mais ideal de se relacionar. Geralmente, conforme a interações vão aumentando a intensidade promove uma constância nas relações interpessoais e de socialização desse indivíduo e auxilia no tratamento.”

A criança não se readaptou, e agora?

Caso a condição persista, busque um profissional. “Mesmo que não seja algo que vem desde o nascimento pode ter começado a fazer parte da personalidade da criança, por isso tenham paciência. Ela não pode sentir que ser tímido é um rótulo que não pode ser mudado e precisa enxergar que tudo bem se relacionar com pessoas e que tudo bem não sair como o planejado. Geralmente, conforme a criança cresce a timidez vai diminuindo, principalmente em casos situacionais, mas os pais precisam estar muito atentos para que não haja complicações. Busque apoio psicológico ou pedagogo caso precisar”, finaliza a psicóloga.


SUGESTÕES DE PAUTA: reportagem@gruposulnews.com.br

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