Um amor além do tempo

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Quem nunca ouviu falar uma frase simples em nossa sociedade, frequentando uma igreja ou não, talvez a frase que rege o mundo pós-moderno.

Deus é amor!

O apóstolo João é o responsável por esta frase tão pequena e tão cheia de significado: Deus é amor! (1 João 4:6). Parece fácil, mas encerra três conceitos dos mais importantes e complexos: Deus, o ser e o amor. Deus é, para os cristãos, o criador do universo e o mantenedor da existência. Ele não apenas fez o mundo, mas é o responsável por garantir as condições para que a vida aconteça. Segundo o salmista: “ele recolhe seu fôlego e os seres vivos voltam ao pó; ele envia novamente seu fôlego e são criados, renovando, assim, a face da terra” (cfe. Salmo 104:29-30). A vida e a morte como intervalos da respiração de Deus – eis sua soberania, onipotência e domínio.

A realidade de Deus é transcendente – Deus é espírito (João 4:24). Seu ser é diferente do nosso: é eterno, infinito e imutável. Absoluto. Único ser necessário, impondo a todos os demais que sejam contingentes. Moisés perguntou seu nome, para que pudesse identificá-lo e apresentá-lo ao povo de Israel. “Eu sou quem sou” – foi sua resposta (cfe. Êxodo 3:14). Karl Barth sugeriu que sua santidade fosse compreendida em termos de “o totalmente outro”. Anselmo propôs que, por Deus, se entenda: “aquele além do qual nada maior pode ser concebido”. Impossível nominar de forma precisa e abrangente aquele em quem vivemos, nos movemos e existimos (cfe. Atos 17:28). Pois, “quem é Deus como o nosso Deus, que habita nas alturas e que se inclina para ver o que passa nos céus e sobre a terra?” (Salmo 113:5-6).

Deus é, por definição, inacessível. Deus é luz (1 João 1:5). Nas palavras de Paulo: “é o único que possui imortalidade, que habita em luz inacessível, a quem homem algum jamais viu, nem é capaz de ver” (1 Timóteo 6:16). Contudo, é Deus pessoal, relacional, ativo e participativo. Desejou ser conhecido e adorado, em espírito e em verdade (João 4:24). Revelou-se, na pessoa histórica de Jesus Cristo: “Ninguém jamais viu a Deus, mas o Deus unigênito, que está no seio do Pai, no-lo revelou” (João 1:18). “E vimos sua glória, como do unigênito do Pai” (João 1:14).

A revelação de Deus em Jesus Cristo foi motivada por amor: “Deus amou o mundo, e de tal maneira, que deu seu filho unigênito”. O transcendente assumiu nossa imanência por amor. O criador assumiu a forma da criatura por amor. O totalmente outro se fez totalmente semelhante ao ser humano (Hebreus 2:17-18) por amor. O eterno, enfim, experimentou a morte por amor (Romanos 5:8). Redefiniu-o. Revelou-nos que não é um sentimento, nem apenas um conjunto de atitudes, mas a eterna decisão de Deus em favor de sua criação; a infinita presença de Deus no dramático contexto de sua criação.

Deus é amor! Nada mais, nada menos. E que Deus seja amor – eis o que importa. O resto é trá-lá-lá-lá-lá-lá-lá-lá-lá.


ANDERSON BRAZ é graduado em Teologia e atua como pastor na Igreja Batista Vida Plena em SP

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