Fábio Godinho explica que o aumento na temperatura está associado a uma série de doenças cuja frequência está aumentando, como a malária e a dengue
O mês de junho marcou o 13º mês consecutivo de recordes nas temperaturas globais. É o que apontam os dados do observatório europeu Copernicus. Ainda segundo o observatório, no mês seguinte, no dia 22 de julho de 2024, o mundo registrou o dia mais quente da história, com uma média de 17,16 graus, incluindo países no inverno. A média superou os recordes anteriores de 17,09°C, no dia anterior, 21 de julho. A base de dados considera registros desde 1940.
O neurocirurgião Fábio Godinho, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, explica que o aumento do calor afeta a saúde de diversas formas. “A crescente na temperatura está associada a uma série de doenças cuja frequência está aumentando, não só no Brasil, mas em outros países. Dentre essas doenças, nós temos as infecciosas, normalmente aquelas transmitidas por vetores como mosquitos. Também é observado o aumento de doenças neurológicas, como o AVC”, explica o especialista.
O estudo _Mudanças climáticas, anomalias térmicas e a recente progressão da dengue no Brasi_l, publicado no portal Scientific Reports, da Nature, indica que, entre outros fatores, as ondas de calor foram responsáveis pela expansão da dengue. Se, antes, havia cinco dias de anomalia de calor, agora, são 20 dias ou mais acima da média ao longo do verão, o que dispara o processo de transmissão do vírus. A pesquisa mapeou dados entre 2000 e 2021 e observou que a ocorrência de eventos climáticos extremos e a degradação ambiental foram fatores decisivos para a expansão.
Por Regis Ramos para o Jornal da USP
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