Romaria dos Cavaleiros de Santo Amaro: personalidades & mantenedores

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Gripe espanhola X Covid-19: as pandemias que marcam a história da Romaria dos Cavaleiros do Senhor Bom Jesus de Pirapora de Santo Amaro


Por Karina da Silva Araújo

Cenerino Branco de Araújo, romeiro fundador da Romaria dos Cavaleiros de Santo Amaro

Apesar dos vários registros históricos comprovarem as peregrinações dos santamarenses à Pirapora do Bom Jesus já em meados do século XVII, foi somente em abril de 1920 que, oficialmente, Cenerino Branco de Araújo, jovem tropeiro paulistano que comercializava seus produtos na então cidade de Santo Amaro, embebido e fortalecido pela sua fé em Bom Jesus, selou seu cavalo e, acompanhado de alguns poucos amigos, partiu rumo à Pirapora do Bom Jesus, situada a aproximadamente 75 km da capital, a fim de agradecer a Deus por ter poupado Santo Amaro da terrível epidemia mundial denominada Gripe espanhola, que dizimou um sem número de paulistanos.

E assim, baseado em sua gratidão à Deus, emergiu a Romaria dos Cavaleiros do Senhor Bom Jesus de Pirapora de Santo Amaro, um verdadeiro ato de “Fé, Tradição e Penitência”, que vem se repetindo, anualmente, de forma ininterrupta.

Nesse ano de 2020, ao completarmos um século de existência, talvez por ironia do destino, vivemos uma situação semelhante: estamos novamente frente a frente com outra pandemia, parecida com aquela que açoitou o mundo de janeiro de 1918 à dezembro de 1920, quando uma variedade do vírus Influenza H1N1 infectou 500 milhões de pessoas, cerca de um quarto da população mundial da ocasião, e acabou por vitimar fatalmente cerca de 17 milhões de pacientes. Contudo, há muita controvérsia nesses dados, existindo relatos consistentes sobre 50 milhões de mortos; uma tragédia, ao se considerar o fato que a população mundial era predominantemente rural na época.

A pandemia que enfrentamos hoje, causada pelo COVID-19, apesar de ser uma outra variedade viral, encontra uma população que reside predominantemente em cidades e, naturalmente, o confinamento se torna um grande aliado da não-propagação da doença, principalmente em países que se encontram nas estações frias, fato que aumenta consideravelmente as taxas de confinamento.

Trata-se de um vírus extremamente democrático, atingindo a todos, independentemente do sexo, raça e, principalmente, nível social. Sendo os jovens, em sua grande maioria portadores assintomáticos do vírus, acabam funcionando como vetor, expondo à contaminação  os idosos, portadores de comorbidades e/ou imunodeprimidos das mais diversas etiologias com maior possibilidade de desenvolver a doença, que pode transcorrer como uma gripe ou, eventualmente, pode se tornar muito grave ao envolver as vias áreas, evoluindo com um dramático quadro de insuficiência respiratória, que aliado ao sucateamento do nosso sistema de saúde em nível municipal, estadual e federal, verdade seja dita, que já agoniza faz tempo, transforma-se numa receita explosiva com alto teor de letalidade.

Assistimos atônitos e, infelizmente, nós a população brasileira, colhemos os frutos deste descaso de décadas dos nossos políticos, que independentemente do partido, relegaram a saúde ao terceiro plano, junto com a educação e segurança, deixando a população desamparada, a mercê da sorte. No entanto, certamente, se afetados pela doença, não irão se servir do sistema de saúde público. Sem dúvida, irão se socorrer em hospitais particulares de ponta, onde terão a sua disposição todos os recursos necessários para o seu tratamento. Hospitais esses que contam com recursos que grande parte da população nem imagina existir.

Enfim, estamos à beira de um colapso da saúde pública, associada a uma possível crise financeira decorrente da necessidade de isolamento social.  A quarentena é uma faca de dois gumes e tem um papel importantíssimo no controle da disseminação do vírus com a diminuição dos casos da doença.

É matemática elementar: quanto menor o número de casos, menor será o número de pacientes graves e, consequentemente, menor será a necessidade de leitos de UTI. Simples assim, só que tudo na vida tem um preço: a quarentena implica na parada de circulação de dinheiro, que determinará a quebra da engrenagem financeira.

Somente Bom Jesus, Senhor de tudo e de todos, em sua infinita misericórdia, poderá nos proteger dos males que poderão vir. Que Deus nos abençoe!


FALE COM A REDAÇÃO: reportagem@gruposulnews.com.br

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